Enviado-especial ao Euro 2016

A FIGURA

André Gomes
Belo jogo do médio português. Não foi fácil o início, face à pressão colocada na sua zona de ação, mas sentiu-se melhor quando passou mais tempo na direita, trocando com João Mário. Importante no estilo mais trabalhado de posse do jogo português, foi crescendo no encontro, escolhendo quase sempre a melhor solução para o coletivo, faltando-lhe aparecer um pouco mais em zonas de finalização. Muito boa a combinação com Vieirinha, e posteriormente a assistência para o golo de Nani.

POSITIVO
Jogo coletivo e maturidade. Foi desta forma que Portugal reagiu às adversidades que lhe foram colocadas pelos disponíveis, agressivos e organizados islandeses. Um futebol muito trabalhado, paciente e que soube chegar a um primeiro golo. Só correu mal o empate sofrido, num momento de desconcentração que fez Fernando Santos levar as mãos à cabeça. Um empate que caiu do nada para os nórdicos, que depois de dez minutos iniciais pouco mais tinham construído no encontro.

NEGATIVO
Moutinho e Danilo. Espera-se sempre mais do primeiro, pela influência que tem no jogo da equipa, não só nas compensações defensivas, mas também na presença decisiva nos movimentos de construção, e o segundo falhou naquilo que é mais forte, no físico, perdendo todas as bolas aéreas que disputou com Sigthórsson. Sim, todas… Moutinho foi substituído por Renato Sanches quando era necessária levar a bola para a frente, e o ex-médio do Benfica voltou a emprestar a sua energia à equipa. João Mário também esteve longe do que pode fazer.

MOMENTO
Golo de Bjarnason. Caiu do nada. Uma transição que apanhou a defesa portuguesa descompensada, com a bola a cair no pé esquerdo talentoso de Gudmundsson, capaz de empregar-lhe o efeito necessário para passar por cima de Vieirinha e cair no pé direito do mais objetivo dos vikings, que não perdoou. O empate castigou Portugal, que teve de voltar ao princípio. A ter mais paciência. Mas desta vez já não chegou.

Nani
Marcou o primeiro golo, finalizando uma bela jogada coletiva e em que se movimentou bem ao segundo poste, e teve a infelicidade, de em outros momentos não conseguir definir melhor perante Halldórsson. Dois cabeceamentos, um em cada parte, e sobretudo o primeiro, mereciam um pouco melhor de direção. Muito ativo sempre, procurou ser uma solução na construção do jogo ofensivo e esteve entre os melhores da Seleção.

Raphael Guerreiro
Dá uma profundidade a esta Seleção muito maior que Eliseu e não só esteve bem no plano ofensivo, participando no carrossel português, como, depois do frenesim inicial islandês, soube controlar os movimentos de Gudmundsson no plano ofensivo. Teve ainda no segundo tempo um livre que Nani por pouco não emendou de cabeça.

O infindável Sigthórsson
Luta por cada bola no ar. Perdeu algumas com Pepe, ganhou todas a Danilo. Incrível a disponibilidade física e a entrega do ponta de lança islandês, que, sobretudo nos primeiros dez minutos, provocou uma enorme instabilidade na Seleção Nacional. A Islândia só joga assim porque tem no seu 9 um ponto de refúgio.

Gudmundsson e Bjarnason
Foram eles que construíram o golo islandês. Uma bola recuperada em transição e o cruzamento de imediato para a área. É assim que a equipa de Lars Lagerback pensa o jogo e, desta vez, resultou. O médio não precisou de dominar, rematou de primeira e a Islândia pode festejar o empate como se uma vitória se tratasse.