Fernando Santos, selecionador de Portugal, depois da derrota diante de Cabo Verde (0-2), num jogo particular realizado no estádio António Coimbra da Mota, no Estoril:

[Pode-se dizer que os «novo» chumbaram no exame?
É uma generalização injusta. Em termos de qualidade individual, os jogadores mostraram, mas obviamente quando se perde as avaliações não são positivas, mas dessa forma parece-me injusto. Houve muitos jogadores que não se conheciam, sabíamos que íamos correr riscos, mas isso é normal. Procurámos que a equipa não sentisse falta de rotinas e falta de treino, mas foi um pouco isso que aconteceu na primeira parte. A equipa teve qualidade, os jogadores individualmente fizeram coisas interessantes,mas faltou intensidade no jogo. Trocámos bem a bola, mas nunca aproveitámos as condições favoráveis do vento. Tivemos três remates na primeira parte. Não fizemos isso, depois permitimos uma cosia que não esperava, tinha alertado os jogadores para isso, que é quando Cabo Verde tivesse a bola, não transitasse, aí vacilámos. O pior foram aqueles dez minutos de desconcentração em que Cabo Verde marcou dois golos. O resultado era injusto ao intervalo. Na segunda parte a equipa reagiu muito bem, foi mais objetiva, mas depois tivemos a expulsão. Mas mesmo aí, com dez, fomos mais pressionantes, houve mais velocidade no jogo e a equipa foi mais agressiva. Obviamente que perder não é bom. Nem tudo correu bem, algumas coisas eram expetáveis, há ali uma carga sobre os jogadores novos, mas achei que um ou outro podia ter-se libertado. Mas na segunda parte fiquei satisfeito, os jogadores tentaram, tentaram, tentaram, mas não conseguiram fazer golo. Tivemos três ou quatro oportunidades muito boas na segunda parte, mas não conseguimos concretizar.

[O resultado pode afetar as carreiras dos jogadores que se estrearam hoje aqui?]
Não vai afetar nenhum deles, já falei com todos. Alguns eram estreantes, não podem ser afetados porque não ganharam.

[Hugo Almeida e Éder estão com uma crise de confiança?]
- Quando os ponta de lança não fazem golo é isso que acontece. Eles vivem de golos, quando não fazem, ficam incomodados consigo próprios, mas tem de ser a equipa a ajudá-los a ultrapassar isso.

[O jogo foi mais especial para Cabo Verde do que para Portugal?]
- Aquilo que disse na palestra, foi sempre um alerta nesse sentido. Sempre que se defronta Portugal, qualquer equipa, tem um a motivação e empenhamento sempre superior. E estes jogos entre equipas dos PALOP tem sempre essa vertente, sempre foi assim historicamente. Hoje estava aqui muita gente de Cabo Verde. Para eles é como se fosse a final da CAN. Temos de combater isso, igualando as forças nesses aspetos, em correr mais, meter o pé. Na primeira parte, a equipa de Cabo Verde, nesse aspeto, foi superior. A nossa qualidade técnica não conseguiu que a balança caísse para o nosso lado. Depois, em dois lances de desconcentração, acabámos por sofrer dois golos.

[Não se devia esperar mais do onze inicial que está na primeira linha a seguir à equipa principal?]
- Na primeira surpreendeu-me um pouco. Os jogadores mostraram as qualidades técnicas que têm, mas na realidade faltou intensidade. A equipa esteve entretida. Nos momentos de perda fomos lentos a reagir, permitimos que ao adversário que contra-atacasse.

[Com a expulsão de André Pinto ficou mais complicado?]
Quando se fica com dez a perder por 0-2 ainda fica mais complicado como é óbvio. O adversário fecha linhas e fica mais complicado. Se o jogo estivesse empatado era diferente. Mesmo antes da expulsão tínhamos tido uma oportunidade flagrante e se fizemos o 2-1 podíamos chegar ao empate. Mas gostei da atitude que a equipa teve a jogar com dez. Mas também não podemos dizer que Cabo Verde fez um grande jogo.

[O que achou da exibição de Bernardo Silva?]
- Não vou falar de jogadores individualmente, não vou fazer apreciações individuais. Gostei mais de uns do que de outros, mas não vou fazer comentários individualmente.