António Simões diz que a atitude de Cristiano Ronaldo na final do Europeu não revela uma «matriz de liderança». O antigo internacional português fala do comportamento do jogador na final do Euro, quando foi substituído por lesão e acabou no banco e na linha a dirigir-se aos companheiros em simultâneo com o selecionador, recordando também o episódio do microfone que Ronaldo atirou a um lago no dia do jogo com a Hungria. 

«O país e a comunicação social parece que percebeu que Cristiano Ronaldo aos 31 anos é um líder. Duas semanas antes tinha mandado o microfone para dentro de águas e duas semanas depois era líder. Isto é mandar poeira para os olhos, é um atestado de estupidez a quem anda nisto», diz Simões em entrevista ao jornal I, acrescentando: «O gesto de Fernando Santos foi de grande inteligência e exemplo de como se podia gerir com simplicidade e humildade aquela situação no banco e como evitar um conflito.»

«Em 1966 o capitão era o Mário Coluna e seria impensável acontecer uma coisa destas», prossegue: «Antes de eu achar bem ou mal, o que é preciso perceber é que aquilo está mal feito. Não é uma questão de saber se resultou em bem ou em mal, é olhar para isto e dizer que não é suposto ser assim.» 

«Acho que se apoderou do Ronaldo uma ansiedade tremenda de querer ganhar e demonstrar que era líder. Quem é líder não tem necessidade de fazer isto. Fez aquilo, não trouxe mal ao mundo, ganhámos, mas não é a matriz de liderança», resume Simões. «Peço desculpa se estou a ofender alguém», insiste, para concluir: «Chegou-se a um momento neste país em que quando se faz uma crítica, mesmo construtiva, é-se mal visto. A determinada altura durante o Europeu qualquer crítica era dizer mal ou ser antipatriótico. Não faz sentido. Se isto é assim, em que democracia vivemos nós?»