Não foi só apertar umas porcas e trocar dois parafusos, foi preciso uma grande dose de paciência e esperar mais de noventa minutos pelo golo solitário de Cristiano Ronaldo que permitiu Portugal somar os três primeiros pontos, em pleno Parken, frente à Dinamarca, na caminhada para o Euro-2016. Foi um jogo muito cerebral, com poucos riscos, poucas oportunidades, mas com a equipa de Fernando Santos a fazer xeque-mate em período de descontos e a alcançar uma vitória que permite, pelo menos, minorar os danos causados pela derrota em casa diante da Albânia. O novo selecionador entra com o pé direito.

Confira a FICHA DO JOGO

Uma seleção que entrou no jogo na expetativa, com Ricardo Carvalho a render Bruno Alves e a estabilizar o eixo defensivo, e William Carvalho, no lugar de André Gomes, a posicionar-se à frente da defesa, numa posição mais fixa, a servir de tampão na zona central. Colocados os novos parafusos, Fernando Santos rodou também as porcas da frente, desviando Danny para a direita e colocando Nani ao centro. Um onze mais consistente e mais interligado para travar uma entrada forte dos dinamarqueses que, com mais bola, procuraram levar o jogo, desde cedo, para o meio-campo português.



Portugal fechou-se bem nos primeiro minutos, à espreita de um erro do adversário, para sair a jogar, e a primeira oportunidade evidente até foi de Portugal, logo aos 6 minutos, com Danny a cruzar atrasado para o primeiro remate de Ronaldo. Uma bomba que Schmeichel não conseguiu segurar à primeira. Portugal arrancava aqui para o melhor período da primeira parte, com uma pressão alta que obrigava a Dinamarca a cometer erros atrás de erros. Danny também teve oportunidade de visar a baliza dinamarquesa e Ronaldo voltou a aparecer destacado depois de um passe longo de Cedric. A Dinamarca demorou a reorganizar-se e ainda permitiu mais uma investida do capitão português que cruzou para uma cabeçada de Nani que não passou muito longe da barra.

Portugal parecia estar a crescer a olhos vistos, mas voltou a encolher no último quarto de hora, depois de Krohn-Dehli ter atirado ao poste da baliza de Patrício, depois de ter entrado na área pelo lado de Cedric. O intervalo chegava com uma Dinamarca com mais posse de bola (60 por cento), mas era Portugal, bem equilibrado, que tinha mais remates.



Portugal entrou forte na segunda parte e voltou a estar perto do golo, logo aos 50 minutos, com Danny a destacar Cristiano Ronaldo na cara de Kasper Schmeichel. Um lance que o internacional português não costuma desperdiçar, mas desta vez permitiu que o filho do antigo guarda-redes do Sporting desviasse o remate com os pés. Logo a seguir, na sequência do canto, William Carvalho também podia ter marcado.

Acabava aqui o período de maior fulgor dos portugueses. Morten Olsen mexeu bem na equipa e a chuva que se fazia sentir desde o início do jogo foi tornando o relvado cada vez mais pesado. Portugal voltou a recuar uns metros no terreno e a ceder a iniciativa ao adversário.

Seguiu-se o jogo de tabuleiro entre Olsen e Santos, com alterações à vez, num jogo que voltava a ser muito cerebral, com um ritmo muito baixo. Entrou João Mário, depois Éder e, por fim, Quaresma. Quando parecia que o resultado já não ia sofrer alterações, foi o «renegado» Quaresma que escapou pela direita, já em período de compensação, e cruzou tenso. Ronaldo, na área, saltou mais alto do Kjaer e fez o único golo do jogo. Segundos antes, Portugal estava miseravelmente acompanhado por Gibraltar, São Marino, Liechtenstein e Malta, como as únicas equipas que ainda não tinham marcado.

Um golo que permite, acima de tudo, a Portugal ficar a apenas um ponto da Dinamarca (mais um jogo) e da Albânia, numa classificação que ainda não pode contar com o resultado do Sérvia-Albânia que foi suspenso.