João Félix foi a grande figura de cartaz do mercado de verão a transferir-se do Benfica para o Atlético Madrid por 120 milhões de euros, mas Fernando Santos diz que o único indiscutível na Seleção Nacional é Cristiano Ronaldo.

Os dois jogadores estão convocados para os próximos jogos da fase de qualificação para o Euro 2020, com a Sérvia e Lituânia, mas o selecionador fez questão de vincar bem as diferenças de estatuto. «Parafraseando o meu amigo Sérgio Conceição, aqui ninguém joga pelo dinheiro. Só há um jogador que está à margem disto que é o Cristiano Ronaldo. É o único que é indiscutível. É indiscutível aqui como em qualquer equipa do Mundo. Todos os outros, quando são convocados, é porque têm potencial para jogar. Se o João está aqui tem condições para jogar, mas a decisão será minha», começou por comentar.

Para o selecionador, a qualidade do jogador está sempre acima dos valores das transferências, até porque, para Fernando Santos, o mercado mudou muito. «Nunca treinei alguém com este valor? E então o Cristiano? Eu gosto muito do João, mas não podemos entrar por aqui. Em 1996, 1997 e 1998 tive jogadores que valiam muito dinheiro, não se pode comparar com a atualidade porque o dinheiro não é igual a hoje, mas em termos de potencial já treinei muitos jogadores com potencial enorme», destaca.

Um pretexto para o selecionador deixar bem vincada a sua opinião sobre o atual mercado de transferências. O «mercado é muito diferente. Quando comecei a jogar, o Humberto [Coelho] é mais ou menos da mesma idade, tinha a carta na mão. Nós não éramos donos de nós próprios. O Eusébio, por exemplo, não pode sair de Portugal porque não lhe deram autorização. Hoje o futebol é outro», destacou.

Para o selecionador, o futebol mantém aquilo que lhe é mais genuíno, mas agora acrescido de um aspeto comercial. «Aquilo que é mais genuíno é a paixão dos adeptos, isso não vai mudar, mas hoje em dia o futebol também é muito comercial. Como em todas as empresas, há o sentido de oportunidade, os valores de hoje são os valores do mercado. Hoje aposta-se mais naquilo do que no futuro pode vir a ser. Há uma aposta que levou a que o mercado se abrisse para outros valores», destacou ainda.