Renovação é a palavra em cima da mesa nos últimos meses quando o tema é seleção. É uma expressão de que Fernando Santos não gosta. O novo selecionador rejeitou a ideia de um corte radical com o passado, embora tenha admitido que «este é o início desse processo». A uma semana do anúncio da primeira convocatória do novo treinador, que este fim de semana já estará em observações no terreno, nomeadamente no Marítimo-V. Guimarães de domingo, um olhar para os jogadores lançados por Fernando Santos a pensar no Mundial 2014 e para os números de Paulo Bento.

O novo selecionador nacional falou também na conferência de imprensa de apresentação nos jogadores lançados por si na seleção da Grécia que foram ao Mundial 2014, ele que substituiu no verão de 2010 o alemão Otto Rehhagel, o técnico que tinha levado a seleção helénica ao título europeu em 2004.

Quando se despediu da Grécia, no último jogo da fase de grupos do Mundial 2010, Rehhagel mantinha entre os 23 convocados cinco dos campeões europeus de 2004: Chalkias, Seitaridis, Karagounis, Katsouranis e Charisteas. Quatro anos mais tarde, Fernando Santos levou ao Mundial 2014 os dois médios que passaram por Portugal.

Karagounis (37 anos) e Katsouranis (35) contribuíram muito para que a Grécia apresentasse uma das médias de idades mais altas entre as seleções que estiveram no Mundial: 28,2 anos, curiosamente a mesma média de Portugal. Mais velha, só a finalista Argentina.

Na fase final do Mundial 2014 Fernando Santos tinha entre os 23 da Grécia onze jogadores que chegaram à seleção pela sua mão, a começar pelos três guarda-redes: Karnezis, Glykos e Kapino. Este último, aliás, estreou-se pela seleção em novembro de 2011, quando tinha 17 anos e 241 dias, tornando-se o mais jovem internacional helénico de sempre. Havia ainda os defesas Tzavellas, Manolas e Cholevas, mais os médios Maniatis, Kone, Samaris e Tachtisdis e o avançado Fetfatzidis. A esses há que juntar ainda jogadores utilizados na qualificação e que também foram levados à seleção por Fernando Santos, como Siovas, Fortounis, Mavrias e Kyriakos Papadopoulos, mas que ficaram fora dos 23 do Mundial. Bem como outros jogadores que já tinham sido chamados, mas na prática foram apostas do técnico, como Christodolopoulos. 

 

Paulo Bento e Fernando Santos passaram iguais períodos à frente das respetivas seleções, com saldo de resultados, curiosamente, muito semelhante, tal como já analisou o Maisfutebol. Ao longo de quatro anos e 49 jogos, Fernando Santos levou a Grécia a duas fases finais, do Euro 2012 e do Mundial 2014. De um campeonato para o outro o treinador mudou muita gente: nada menos que onze jogadores, conforme o levantamento feito pelo Maisfutebol durante o Campeonato do Mundo. Entre os 23 do Euro 2012 e os 23 do Mundial 2014, Paulo Bento mudou sete jogadores. Nesse aspeto, Portugal foi das seleções que menos renovou.

No total foram 24 os jogadores lançados por Paulo Bento ao longo de quatro anos e 47 jogos. Foram eles Rui Patrício, Luís Neto, André Almeida, André Martins, Josué, Ruben Micael, Nélson Oliveira, Éder, Licá, João Pereira, Sereno, Miguel Lopes, Paulo Machado, André Santos, Custódio, Hélder Barbosa, Pizzi, Varela, Vieirinha, William, Ivan Cavaleiro, Rafa, André Gomes e Ricardo Horta. 

Desses 24, apenas dois se afirmaram como titulares da seleção: Rui Patrício e João Pereira. Podemos acrescentar ainda, sempre na ótica das escolhas de Paulo Bento, as afirmações de Éder e Vieirinha. Fernando Santos jogou frente à Costa Rica, na despedida da Grécia do Mundial 2014, com quatro jogadores lançados por si no onze titular: Karnezis, Manolas, Holevas e Samaris. O médio Kone era habitual opção no onze inicial, mas estava lesionado.