Fernando Santos, selecionador nacional, em declarações na conferência de imprensa após a vitória de Portugal sobre Israel por 4-0 no último teste antes do Euro 2020:

«Ganhar é sempre bom, mas também era importante ver algumas retificações em relação ao que tínhamos conseguido com Espanha.

Nos primeiros 20/25 minutos estivemos bem. Não direi excelentes, mas bem. Um único senão foi não ter feito golos, mas a equipa esteve muito bem nesses primeiros minutos: intensidade, reação rápida à perda, praticamente não deixando o adversário construir. Tivemos uma dinâmica ofensiva com alguma fluência e criámos quatro ou cinco oportunidades flagrantes nesses primeiros 20 ou 25 minutos. Acho que esse foi o momento mais alto da equipa no jogo.

Depois, tivemos 15 minutos em que abrandámos o ritmo. Continuámos bem posicionados, principalmente nos processos defensivos, mas ofensivamente começámos a afunilar muito o jogo por dentro, com os jogadores muito juntos. E começaram a aparecer os primeiros passes errados sem nenhuma necessidade.

As coisas nem sempre saem bem e os jogadores tentam sempre fazer bem. E voltaram a estar muito bem nos últimos dez minutos da primeira parte. Estivemos como no início e fizemos dois golos: pelo menos criámos três oportunidades flagrantes.

Na segunda parte, uma das possibilidades que pode vir a acontecer num jogo – até porque pode surgir a necessidade de jogar com dois homens na frente que sejam mais avançados de área – era importante ver. Não adiei muito para poder ver como é que as coisas funcionavam. Jogando com o Bernardo e o Bruno por fora, mas com grande capacidade para entrarem dentro e permitir que os laterais subissem. Esse foi o período em que as coisas não correram tão bem, porque voltámos a falhar muitos passes. Mas aí a equipa abriu-se muito e em termos de ação defensiva já não teve a mesma capacidade de reação à perda. E isso permitiu que Israel chegasse mais à nossa área.

Depois, alterei para um 4x3x3 mais clássico com o João [Moutinho], o Renato e o Bruno. Aí, a equipa estabilizou e já não houve tanta correria e necessidade de vir atrás defender. Acabámos bem nos últimos dez minutos.

Acho que a equipa, mesmo no período em que não esteve bem, pode jogar assim. Mas para jogar bem assim, há que retificar para jogar bem assim: é um pleonasmo, mas é verdade.»

[Mais certezas ou dúvidas depois destes jogos e treinos?]

«Eu sei o que vamos ter de fazer para ganhar e para sermos campeões da Europa. E temos de interpretar bem isso. No jogo com Espanha não estivemos tão bem, apesar de o resultado não ter sido mau. Com Israel também: algumas coisas melhoraram e é continuar a progredir. Os jogadores estão super-empenhados e motivados. No dia 15 lá estaremos para jogar com a Hungria com a ambição que toda a gente conhece.

Se hoje voltei a dizer que há coisas por retificar, é óbvio que terei de retificar algumas coisas até ao jogo com a Hungria. Os jogadores sabem o que temos de retificar. Nos primeiros 25 minutos estivemos muito bem, numa bitola perto da que eu e os jogadores queremos. O que faltou aí foi finalizar. Algumas coisas teremos de continuar a melhorar, mas isso é normal: é preciso perceber que alguns jogadores vêm de épocas muito prolongadas e há essa gestão também a fazer.»

 [Portugal parte para Budapeste com outra confiança depois deste resultado?]

«Não estou mais nem menos confiante. Tenho uma grande confiança na equipa. Estou com a mesma convicção de há dez dias quando começámos a treinar. Claro que os jogos podiam ser melhores, mas estes jogos servem para isso. Agora é retificar aqueles pontos em que podemos ser melhores. Mas isso não é por falta de capacidade. Porque qualidade eles têm em excesso no bom sentido da palavra. São jogadores de altíssimo nível em termos de qualidade técnica. Quando se tem isso, também é preciso transportar para o jogo essa qualidade técnica em termos coletivos.»