Em entrevista à revista FPF360, Fernando Santos abordou a forma como monta a seleção nacional e o que muda o facto de ter Cristiano Ronaldo como um dos eleitos.  

«A equipa é construída sempre em função dos jogadores. Eu tenho um plano de jogo, um modelo para a minha equipa que acho que potencia os meus jogadores. Não tenho o meu modelo só, tenho um que gosto mais, mas vou escolher os melhores jogadores portugueses e depois tenho que adaptar os meus conceitos, não a filosofia, às características [dos jogadores]. Obviamente que Cristiano Ronaldo é o peso principal», explicou.

Depois, para justificar a opção, o selecionador deu exemplos de outras seleções que estiveram no Europeu: «Há duas semanas estava em França, no congresso dos treinadores, técnicos que estiveram presentes no Euro, e depois com todos os outros da Champions, porque foi o culminar, a análise ao Euro. Todos os meus colegas que foram chamados a falar, o Deschamps, o Chris [Coleman], de Gales... a todos eles foi-lhes colocada esta questão [do sistema em volta de um jogador] e todos responderam da mesma maneira. O Chris disse que montou a equipa à volta de Bale, essencialmente, o Deschamps disse que tinha três, quatro jogadores, um deles Griezmann do qual a equipa era montada para o potenciar. Seria estranho Portugal ter o melhor do mundo e de alguma forma não planeasse a sua forma de jogar com aquilo que eu penso que o Cristiano nos pode dar.»

LER TAMBÉM: «Ainda estamos no modo campeão da Europa, vai deixar de acontecer»

E continuou: «Desde logo é o melhor finalizador do futebol português, desde logo tem isto. É um concretizador, se eu tenho o melhor concretizador do mundo não fazer com que a equipa se adapte à forma do Ronaldo seria errado. Se eventualmente o Cristiano não puder, isso é outra coisa. Temos o caso da final: não foi sem o Cristiano Ronaldo [que ganhámos], isso não é verdade. Acho que é um exagero, Ronaldo esteve na final e esteve presente no resto do jogo. Infelizmente saiu, mas até à saída teve um peso naquela final. Se por um lado é um embate num primeiro momento para os seus colegas, no momento a seguir traz alguma coisa de superação. Estávamos a jogar uma final, há um momento de superação e que vamos conseguir. Essa importância que demos ao 'Nós' foi muito forte.»

Por fim salientou que estar ou não o jogador do Real Madrid não muda apenas a seleção nacional, mas também o adversário.

«A presença do Cristiano também tem um peso próprio que ele representa para os adversários, para além do que representa para a seleção nacional. Os treinadores sabem como as coisas funcionam: se o adversário tiver lá Cristiano Ronaldo, os treinadores do outro lado montam uma estratégia... Durante o Euro a primeira pergunta que faziam aos selecionadores que iam jogar com Portugal era: «Como é que vai parar Ronaldo?» Todos eles tinham um extra para se preocupar. A questão é outra: Se por acaso Ronaldo não puder vamos ter que arranjar soluções para continuar a vencer, é o que vamos fazer e já fizemos. Mérito dos jogadores que o fizeram. Não vamos é dizer que Portugal abdica de Cristiano Ronaldo, não pode abdicar de certeza absoluta.»

E AINDA: «Não é preciso passar pelas seleções jovens para chegar à principal»