Dimas acredita. O lateral-esquerdo de Portugal recusa-se a abordar o jogo

com a França numa perspectiva de inferioridade. «Quem chega a uma meia-final

é de certeza uma grande equipa. Isso vale para eles, como para nós», referiu

o ex-companheiro de equipa de Zidane na Juventus.  

Desses tempos ficou «uma grande amizade e um profundo respeito, pelo grande futebolista e por um homem muito humilde». A perspectiva de um duelo Figo-Zidane no centro das atenções é desvalorizada pelo jogador do Standard, que recorda uma evidência: «Será sempre um duelo de onze contra onze. Figo e Zidane são dos melhores jogadores do mundo, embora tenham características diferentes. Figo é imbativel nos lances de um-para-um, Zidane brilha mais pela forma como conduz a bola e os ataques. Mas nas duas equipas o importante é o conjunto.» 

Fiel à imagem atractiva que o futebol português tem deixado neste Europeu,

Dimas deseja, antes do mais, «que seja um grande espectáculo, um jogo de

qualidade entre duas grandes equipas que praticam um futebol muito

positivo»: «Espero que os espectadores saiam satisfeitos.»  

Um jogo marcado pelo favoritismo que, pelo menos de fora, se atribui aos franceses: «Normal, são campeões do mundo, talvez os principais favoritos à vitória no Europeu e merecem-nos o máximo respeito. Mas qualquer um pode ganhar.» 

Estamos a defender muito bem 

Falando um pouco das suas prestações pessoais, Dimas reconheceu uma subida

de produção: «Sinto que tenho melhorado de jogo para jogo. Quando se está

num torneio desta dimensão, ao lado de grandes jogadores, é normal que o

nosso rendimento reflita esse envolvimento. Por isso, depois de um início

de época atribulado, na Turquia, estou a fazer os possiveis para terminar a

temporada em beleza. Até porque, a determinada altura, a presença neste

Europeu passou a ser o objectivo principal.» 

Sendo um defesa, Dimas não concorda com o facto de ser apenas o futebol

fluido e tecnicista, praticado do meio-campo para a frente, a justificar os

elogios a esta selecção: «Convém que as pessoas nao esqueçam que estamos a

defender muito bem. E quando digo isto, não falo apenas dos jogadores

defensivos. Os nossos criativos também trabalham muito nesse aspecto,

dando-nos uma ajuda importante.»  

Felizmente cometemos os erros no principio 

Uma seguranca que chegou a ser posta em causa antes do Europeu e nos primeiros minutos do jogo com a Inglaterra: «Felizmente cometemos os nossos erros logo no início da competição, o que nos deu tempo para rectificar e aprender com eles.» 

Agora, frente à França, a margem de erro é diminuta, como o próprio jogador

reconhece: «Eles são muito sólidos, defendem excepcionalmente bem e têm um

conjunto rotinado pelos anos. Além disso, são rápidos nas saidas para o

ataque, e Zidane e Djorkaeff são um perigo suplementar nas bolas paradas.» 

A memória da meia-final de 1984 não tem grande significado para o

lateral-esquerdo português: «Já foi há 16 anos, só me lembro dos lances

capitais. Mas isso não pesa na nossa preparação. Este grupo sempre acreditou

que podia ir longe, e desde o inicio que sentimos o país connosco. Surpresa?

Só para os outros paises. E, já que aqui estamos, vamos tentar ir até ao

fim.» 

Uma esperança que o encaminha para o tema da ultima oportunidade para esta

geração: «Temos 4/5 anos de trabalho conjunto, o que é um aspecto

importante. Por outro lado, as saidas para o estrangeiro de muitos de nós

reforçaram a nossa experiência. É verdade que a pressão estava do nosso

lado, mas finalmente estamos a responder com resultados. E ainda podemos ir

mais longe.»