Paulo Sousa, que hoje (quarta-feira) completa 30 anos, mede a ambição da forma do costume, nivelando-a bem por cima e sustentando ainda melhor, depois do Euro 2000, as convicções que tem há muito: «Desde o Campeonato da Europa de Inglaterra, em 1996, digo que Portugal pode ganhar um título europeu ou mundial. O mais recente Europeu serviu para aprofundar essa convicção e reforçar a posição da nossa Selecção, que é a de entrar em todos os jogos para ganhar.» 

A nota de confiança nas vésperas do início de mais uma campanha, com o jogo na Estónia, serve para Paulo Sousa constatar o evidente: «Queremos começar bem esta fase de apuramento e isso só pode passar por uma vitória. Depois, queremos estar no Mundial melhor do que estivemos no último Europeu.» 

O «sentido de responsabilidade» e «o grande querer» que Paulo Sousa vê na actual Selecção leva-o a pensar que «treinando bem» será possível «chegar à Estónia e tornar as coisas mais fáceis». 

Os fantasmas da Arménia e do Azerbaijão, de má memória no que toca a apuramentos anteriores, também não pairam na mente do grupo, garante o médio: «Essas coisas acontecem, mas não são para repetir.» 

Castigados com substitutos à altura 

Paulo Bento, habitual companheiro de Sousa no meio-campo português, está impedido de alinhar pela Selecção durante cinco meses. Na sequência dos protestos no final do Portugal-França das meias-finais do Euro 2000 a UEFA castigou ainda Nuno Gomes e Abel Xavier, respectivamente com sete e nove meses de suspensão das provas internacionais. 

Paulo Sousa lamenta a situação, mas fá-lo mais na perspectiva dos companheiros do que da própria equipa: «Penso que os principais prejudicados são eles. A carreira de um jogador é sempre valorizada pela presença nas selecções e participação nas provas europeias e eles agora não podem fazer nem uma coisa nem outra. Na Selecção temos de contar com quem está, e os que estão não são inferiores a eles, estando preparados para desempenhar os seus papéis com a mesma qualidade. Quando os castigos terminarem com certeza que a equipa técnica olhará para eles para ver se podem juntar-se de novo ao grupo e dar-nos uma mão.» 

«Quero acabar o mais tarde possível» 

Trinta anos. Será esta uma barreira psicológica para Paulo Sousa? O visado com a pergunta garante que não: «Tive duas grandes barreiras na vida, aos 15 e aos 17 anos. Aos 15 vim para Lisboa jogar futebol, sem saber o que ia encontrar, e aos 17 assinei o meu primeiro contrato profissional. Nessa altura deixei tudo para trás e passei a encarar o futebol com o máximo profissionalismo. Daí para cá tem sido tudo sempre igual - muito trabalho, muito sacrifício e muita vontade de evoluir todos os dias com as pessoas que estão à minha volta.» 

Paulo Sousa sente-se, aliás, em grande momento de forma: «Comecei bem a época e ao contrário do que tem acontecido na Selecção o jogo passado, em Viseu, foi positivo para mim. No meu clube [Panathinaikos] os jogos também têm corrido bem. Sinto-me óptimo a nível físico.» 

Se outras razões não houvesse, aí está uma suficientemente válida para fazer com que o médio português atire para longe o final da carreira: «Já pensei muito nisso, realmente. No início desejava acabar o mais cedo possível. Com o passar do tempo as pessoas que se envolvem no futebol não querem sair dele e eu não sou excepção. Quero acabar o mais tarde possível.»