Análise integrada no projeto coordenado pelo jornal inglês «The Guardian», que reúne publicações de todos os países das seleções presentes no Mundial 2018 e que tem mais uma vez o Maisfutebol como representante português.  Nos próximos dias, até à entrada em cena da equipa das quinas, traçamos o perfil aos três adversários da fase de grupos.

Os Leões do Atlas estão de volta ao Campeonato do Mundo, depois de uma ausência de 20 anos, e a solidez tática e a tenacidade inculcadas por Hervé Renard podem torná-los em adversários difíceis.

Duas décadas, 20 anos e 4 Campeonatos do Mundo quase apagaram Marrocos do tabuleiro de xadrez do futebol mundial. Anos de frustração fizeram com que os adeptos quase renunciassem à seleção nacional no mais alto nível da competição internacional.

Porém, a chegada do ex-treinador do Cambridge United, Hervé Renard, no início de 2016 mudou tudo. O francês trouxe um espírito de luta: a maioria dos jogadores estava na seleção há muitos anos, mas Renard acrescentou uma pitada de sal. Primeiro, fez Mbark Boussoufa dar um passo atrás nas suas tarefas ofensivas. Junto com Karim El Ahmadi, a experiência a meio-campo é consolidada por Younes Belhanda, que completa um triângulo quando a equipa perde a posse da bola.

A outra grande mudança trazida por Renard envolve o papel defensivo de Romain Saïss, que se tornou defesa-central e deixou o seu habitat natural, de  box-to-box. Isso tornou a equipa mais forte pelo ar. Depois da lesão de Hamza Mendyl, Renard fez ainda outra transformação, com Achraf Hakimi, do Real Madrid, a passar a ser lateral-esquerdo, papel que nunca havia desempenhado antes.

Achraf é um jogador técnico e tem um excelente entendimento com o verdadeiro criador de jogo da equipa, Hakim Ziyech. O homem do Ajax geralmente começa do lado esquerdo, antes de assumir o corredor central e, às vezes, troca de posição com Nordin Amrabat, o «touro enraivecido» da equipa.

Khalid Boutaib joga como torre de controlo da equipa e não recusa nenhuma oferta dos companheiros. Para lá do XI inicial, dos jogadores que saem do banco destaca-se Fayçal Fajr. «Fayçal é alguém que é essencial para este grupo», disse Renard em março. «Ele é capaz de jogar em cinco posições no meio-campo e ajuda-me a gerir aqueles que vão para o banco, insatisfeitos.»

Renard deve renovar a aposta num 4-2-3-1, passando de 4-4-2 em processo defensivo para um 4-3-3 no ataque.

Que jogador vai surpreender toda a gente no Mundial?

Sem dúvida, Hakim Ziyech. O criativo é o jogador mais talentoso da equipa marroquina e ajudou o Ajax a chegar à final da Liga Europa em 2017.

Que jogador é provável que desiluda?

O guarda-redes Munir tem toda a confiança do grupo, mas quase nunca jogou este ano com o Numancia, da segunda divisão espanhola. Mostrou dificuldades nas saídas à no jogo de preparação com a Sérvia em março.

Qual é o objetivo realista de Marrocos no Campeonato do Mundo de 2018 e porquê?

Apesar de ter-se qualificado para o Mundial com apenas um golo sofrido, Marrocos terá dificuldades para estender a sua série defensiva. Tudo depende do primeiro jogo contra o Irão. Apenas a vitória poderá levar a equipa de Hervé Renard a um futuro melhor e, talvez, a um lugar nos oitavos de final, os quais poderiam ser o objetivo realista. Se lá chegarem, aí e só a partir daí, o céu é o limite.

Textos: Amine El Amri/Le Matin