Ao nono jogo, Portugal perdeu em Leiria. A pouco mais de dois meses e meio, a Seleção Nacional mostrou-se débil na defesa e com poucas ideias no ataque. Há muito trabalho a fazer para Fernando Santos. É que os rivais no Campeonato da Europa serão superiores a esta Bulgária, que levou para casa o punhado de feijões que esteve em jogo.

O adversário, dizia-se antes do pontapé de saída, não seria o ideal para preparar para um Europeu. O nível seria mais baixo do que o de todas as seleções que vão estar em França em junho e julho. Check. Certo.

É verdade que os primeiros minutos insinuaram-no. Viram-se demasiadas fragilidades defensivas nos búlgaros, que só a sofreguidão e a falta de pontaria dos jogadores portugueses justificavam o zero no marcador.

Não se arranja um Popov por aí?

Só que a seleção de Ivaylo Petev tinha um porto de abrigo. Um jogador a quem recorrer quando se sentisse empurrada para atrás. Ivalin Popov, o criativo do Spartak Moscovo, era esse porto de abrigo. Capaz de agarrar na bola e conduzir os contra-ataques, mantendo inteligência e frieza suficientes para procurar os espaços. A jogar mais recuado que Rangelov, num 4x4x1x1 bem pronunciado, surgia entre linhas, nas costas de William Carvalho e Adrien –  que reeditaram a dupla habitual no miolo, com João Mário mais sobre um dos flancos – e construía a partir daí.

Depois de muito desperdício, com Ronaldo e Nani a ficarem algumas vezes só com um central pela frente – quase sempre Aleksandar Aleksandrov – apesar de uma transição defensiva relativamente rápida do rival, e com Stoyanov a mostrar argumentos de bom guarda-redes, a Bulgária chegou ao 0-1.

Popov, claro, a colocar nas costas de Pepe e Vieirinha para Marcelinho. O estreante, naturalizado aos 31 anos para jogar pela Bulgária, atrapalhou-se e atrapalhou Pepe, mas ainda conseguiu rematar para a baliza. Anthony Lopes estava batido. Um golo anedótico, sim. Que não se pode repetir em França, sublinhe-se.

Pepe salvou o 0-2

A Seleção continuou na sua toada, e manteve Stoyanov sob trabalhos forçados, mas o rival sempre foi mais objetivo. Aos 38 minutos, foi Popov (outra vez) a abrir para a direita, Mihail Aleksandrov a cruzar e Pepe a salvar o golo, com Rangelov pronto para fazer o segundo ao poste mais distante. Rápido e quase eficaz.

A equipa de Fernando Santos teve bola. Conseguiu envolvimentos, rematou. Ganhou inúmeros cantos, muitos. Teve momentos de algum azar, como aquelas duas vezes em que Nani quase debaixo da trave não conseguiu emendar. E houve também competência de Stoyanov, em várias ocasiões e até num grande livre de Cristiano Ronaldo. Mas, muitas vezes (talvez vezes a mais), a profundidade foi dada por bolas longas, de Pepe, para Nani e Ronaldo, os dois na frente, no regresso ao 4x4x2. Faltou a Portugal o Popov que teve a Bulgária (o da frente, não o lateral-direito).

A segunda parte pedia mais. No entanto, foi a Bulgária que voltou a ameaçar primeiro. Popov (terceira vez) a pedir a finalização de Aleksandrov, que atirou ao lado. Estava-se no minuto 49.

A estreia de Renato, o meio-campo novo e o penálti falhado

Pouco depois da meia-hora, Fernando Santos mudou. Tirou Rafa e Adrien, fez entrar Quaresma e Danny. Refrescava as alas, porque João Mário passou para o meio. Na jogada seguinte, Pepe, sobre a esquerda, cruzou e Strahil Popov (o lateral agora) meteu a mão à bola. Quase do nada surgia a grande oportunidade para o empate. Mas Cristiano Ronaldo falhou, por culpa de Stoyanov, que defendeu bem o remate. E a recarga, do mesmo Cristiano, saiu ao lado.

Iria chegar a ver de Renato Sanches, e da esperada estreia. Danilo também entrou, e o meio-campo ficou totalmente remodelado para os últimos 16 minutos, mais descontos.

O Bulo entrou bem, cheio de vontade, e tentou empurrar a equipa para a frente. E ainda recebeu um abraço de um jovem invasor, que só o procurou a ele em campo.

Não foi dia de Nani nem de Ronaldo

Antes do final – e das substituições de Eliseu por Raphäel Guerreiro e de Nani por Éder –, o avançado do Fenerbahçe falhou mais uma bola escandalosa, após cruzamento de Eliseu. Mas hoje Ronaldo não fez melhor, e também desperdiçou, de cabeça, no canto do cisne da Seleção.

Portugal perde um jogo em dez com esta Bulgária. Foi hoje. Agora que o selecionador arregace as mangas e ponha mãos à obra.