Um golo de bola parada praticamente no último lance do jogo permite a Portugal ganhar na Albânia. Este poderia ser o relato da última deslocação portuguesa a solo albanês, quando Bruno Alves deu os três pontos a caminho do Mundial 2010. Mas é a história desta noite, de 7 de setembro de 2015, com Miguel Veloso a ser, desta feita, o herói lusitano. De novo de cabeça. De novo de bola parada. De novo no canto do cisne.

Portugal está quase confirmado no Europeu. Só uma hecatombe de lá tirará a seleção de Fernando Santos que fez seis dos 15 pontos que tem nesta altura com cabeceamentos no último suspiro. Foi assim com Ronaldo, na Dinamarca. Foi assim com Veloso, na Albânia.

O jogo em si, de Portugal, foi apenas suficiente. E o apenas nem está relacionado com o resultado, que serve sem encantar, mas com a exibição perante um adversário, é preciso dizer, com pouco futebol.

Aliás, terminar o grupo sem vencer um jogo a esta Albânia não seria a melhor linha para o currículo. Se, em Aveiro, os albaneses foram organizados e tiveram sorte, em casa esperava-se algo mais, mas, está visto, esta equipa não tem para dar, apesar do forcing final, antes do golo que destruiu tudo. Se chegar ao Europeu, a Albânia será, certamente, das formações mais frágeis.

E por isso pedia-se mais a Portugal. Mais rasgo, mais futebol. Entende-se que, depois de saber do empate da Dinamarca na Arménia, não havia necessidade alguma de arriscar. Acontecesse o que acontecesse, Portugal estava a um empate caseiro com os dinamarqueses de garantir um dos dois lugares que valem apuramento direto.

Mas Portugal tem um estatuto a defender, também, e a diferença entre as seleções percebeu-se logo na primeira metade. Nesse período, sem ser brilhante, Portugal foi melhor e ficou perto de marcar em três lances. Todos remates de média distância. Os dois primeiros de Ronaldo, hoje ponta de lança numa equipa que teve Miguel Veloso e Danny no meio campo e Bernardo Silva numa das alas.

Os dois remates de Ronaldo, dizíamos, obrigaram Berisha a defesas apertadas. Bernardo Silva, após tabela com Danny, desviou o suficiente do guardião albanês mas também não acertou na baliza.

Foram os lances de perigo de um período em que a Albânia nem sequer assustou. Aliás, só o fez já no último terço do jogo, depois das primeiras mexidas. O lance mais flagrante teve demérito português (corte de Cedric para o centro do terreno) e sorte albanesa também (desvio nas costas de Pepe). O remate de Cikalleshi bateu na trave com Patrício batido. Portugal respirou fundo.

Eliseu ficou perto de ser herói, Veloso ficou com o estatuto

Nesta altura, Fernando Santos já tinha, então trocado Vieirinha por Cedrid e, depois, Bernardo Silva (que estava a ser dos melhores, a par de Danilo Pereira) por Quaresma. O apagado Danny só deu o lugar a Éder à entrada do último quarto de hora, com Ronaldo a vir para terrenos que mais gosta.

Foi dali, por exemplo, que isolou Eliseu que, com um chapéu ao lado, desperdiçou a melhor ocasião de Portugal em todo o jogo, a dez minutos do fim. Se não foi ali, não seria mais, pensou-se.

Puro engano. Vieram os descontos e o canto de Quaresma que Veloso meteu na baliza. Vieram três pontos de uma caminhada que, desde o tropeção de Aveiro e a troca de treinador, só dá vitórias. Já são cinco. França é já ali.