António Cerqueira é um dos dez mil portugueses a viver em Andorra, «em euforia» para receber a Seleção Nacional, no sábado, na reta final da corrida ao Mundial 2018. Aliás, António Cerqueira, que é presidente do FC Lusitanos, fez questão de ir receber a Seleção e foi enquanto esperava que conversou com o Maisfutebol

«Está um ambiente de euforia total. É uma ocasião única para a comunidade portuguesa. Estamos todos a viver isto de uma maneira especial», diz António Cerqueira, ele que preside desde 2003 ao Lusitanos, o clube português de Andorra (que pode conhecer melhor nesta reportagem) e tem na ponta da língua o peso da comunidade portuguesa num principado de 70 mil habitantes: «Somos 10.600 portugueses.»

Não estarão lá todos no sábado, longe disso. Nem caberiam. O Estadi Nacional leva cerca de 3600 espectadores e foi pequeno para a procura. Os bilhetes voaram há muito: «Desde agosto que já não há bilhetes. Houve muita procura por parte de portugueses.» O apoio à Seleção Nacional vai ser em clara maioria, acrescenta António Cerqueira: «Vamos ser por aí 90 por cento do estádio.»

Esta será a primeira visita de sempre da Seleção Nacional a Andorra. Há outro jogo como visitante no histórico de Portugal, mas jogou-se em Lérida. Foi em 2001, na campanha para o Mundial 2002, uma goleada por 7-1 com um póquer de Nuno Gomes e ainda golos de Rui Jorge, Pauleta e Sérgio Conceição. Alonso marcou o golo de Andorra, até hoje único.

Houve ao todo quatro confrontos entre Portugal e Andorra. O primeiro um particular no Jamor em 1999, que Portugal venceu por 4-0. A seguir o duplo confronto para o Mundial 2002, vitória portuguesa na Madeira por 3-0 antes do 7-1 de Lérida. E por fim o encontro de Aveiro em outubro do ano passado, 6-0 também com um póquer, de Cristiano Ronaldo, mais golos de João Cancelo e André Silva.

Quatro jogos, quatro vitórias, 20 golos marcados e um sofrido. Portugal é, obviamente, claro favorita frente à seleção que é 144ª no ranking mundial, uma equipa com uma história curta e cujas maiores glórias são duas vitórias em jogos oficiais.

A Federação de Andorra existe desde 1994, mas a seleção só entrou em competição oficial a partir de 1998, na qualificação para o Euro 2000. E desde aí ganhou... dois jogos oficiais. E empatou mais três. De resto, só derrotas.

Mas esta campanha para o Mundial 2018 está a correr bem, para os padrões de Andorra. Em termos de resultados é a segunda melhor até agora, depois do Mundial 2006, quando Andorra venceu um jogo e empatou dois, cinco pontos e quatro golos marcados, mas que não invalidaram o último lugar no grupo.

Agora, para o Mundial 2018, leva quatro pontos. O primeiro foi no empate em março frente às Ilhas Faroé, que interrompeu um ciclo de 56 jogos consecutivos a perder. E, depois, surpreendeu com a vitória em junho sobre a Hungria, por 1-0.

Um golo de Rebes garantiu o primeiro triunfo num jogo oficial em 13 anos, 66 jogos. Nesta campanha Andorra marcou apenas mais um golo, na derrota em casa com a Suíça (1-2). Em casa, de resto, perdeu logo na primeira jornada com a Letónia, última do grupo, por 1-0.

Andorra está a tirar bom partido do seu Estadi Nacional, que foi inaugurado em 2014, no centro de Andorra La Vella. Um estádio com um relvado sintético a que na Seleção se torce o nariz, no meio da apreensão com um jogo que tem mesmo de vencer para poder continuar a tentar o objetivo da qualificação direta. Preocupação que levou até a fretar um avião militar para levar a equipa e evitar 

A três pontos da Suíça, que defronta a Hungria no sábado, chegando com a mesma diferença ao decisivo jogo de terça-feira, na Luz, Portugal apura-se diretamente com uma vitória sobre a seleção helvética, uma vez que tem melhor diferença de golos. Caso contrário terá de disputar o play-off final de acesso ao Mundial.

O Estadi Nacional de Andorra, diz António Cerqueira, é mesmo um recinto complicado para os adversários. «Já é difícil ganhar aqui um jogo. O sintético é um pouco fraco, a bola rola pouco, eles metem-se à defesa e torna-se difícil. A Suíça teve dificuldades para ganhar aqui, a Hungria perdeu.» Por isso, o conselho de quem conhece ambas as seleções e o palco do jogo de sábado é este: «Portugal tem de marcar rápido, se não pode-se complicar. Em termos técnicos a qualidade de Portugal é incomparável, mas é importante marcar cedo.»