A figura: Cristiano Ronaldo

«Cristiano Ronaldo está em sub-rendimento? Se ele amanhã [hoje] marcar três golos, vão dizer que ele está num grande momento». Na antevisão à partida, o selecionador andorrano tinha comentado desta forma o suposto mau momento que o capitão português atravessava. Ora, aos quatro minutos Ronaldo já tinha marcado dois e, logo no arranque da segunda parte marcou o terceiro, dando razão a Koldo Álvarez. Quem foi mesmo que falou em mau momento? O capitão ainda teve tempo de escrever mais um capítulo histórico no seu percurso com camisola de Portugal: o primeiro «poker». Já lá vão 65 golos, e a contagem continua.

O momento: erguer-se e celebrar depois de ter sido derrubado

No regresso à seleção depois da final do Europeu, Cristiano Ronaldo começou o jogo com uma metáfora perfeita daquilo que foi a final do contentamento português: ainda o jogo vivia os primeiros momentos e o capitão foi derrubado por um adversário; ergueu-se e acabou a festejar com um enorme sorriso. Desta vez, sem lugar a momentos de dor agonizante – ou de uma qualquer traça a beber-lhe as lágrimas. O relógio ainda não tinha avançado noventa segundos quando Cristiano Ronaldo inaugurou o marcador. E se o povo costuma dizer que, contra as equipas teoricamente mais frágeis, «só custa entrar o primeiro», estava dado o mote.

O estreante: Gelson

O novo «menino bonito» de Alvalade estreou-se esta noite com a camisola da seleção principal de Portugal, num jogo que já estava mais do que decidido. Como aperitivo para uma carreira que se augura que eleve o seu nome aos mais altos patamares, deixou algumas fintas desconcertantes, mas também um nervosismo normal para um menino de 21 anos.

Outros destaques:

André Gomes

O médio do Barcelona encheu o meio campo português. Com Moutinho com menos fulgor, foi André Gomes a pegar no jogo e a fazer a bola correr. No final, do que se vai falar é da assistência para o terceiro golo de Cristiano Ronaldo, mas André Gomes foi muito mais do que isso e trouxe classe a um jogo que, apesar do resultado, não foi um esplendor.

João Cancelo

Segunda internacionalização, segundo golo. O registo de Cancelo com a camisola das quinas é digno dos melhores avançados. No golo desta noite teve um tufo de sorte, mas o jogador de 22 anos fez por encontrá-lo e mereceu-o. Aproveitando as ausências dos campeões europeus Cédric e Vieirinha, o lateral-direito do Valência mostrou serviço a Fernando Santos. Numa partida em que não precisou de ter grandes preocupações defensivas, Cancelo não se fez rogado com todos os metros que tinha para correr e foi sempre mais um homem a atacar, combinando bem com Quaresma e com Bernardo Silva.

Quaresma

Está nos dois primeiros golos. É ele quem bate o canto no golo inaugural e é também seu o cruzamento para o segundo de Ronaldo. Desde que Fernando Santos assumiu a seleção, a sociedade que forma com Ronaldo tem dado muitos momentos felizes e uma prova disso é que das sete assistências para golo que Quaresma fez neste período, quatro foram para o capitão.

André Silva

Sempre que um novo avançado chega à principal seleção, escuta-se a história do D. Sebastião que pode estar ali para salvar a pátria. O mesmo acontece com André Silva, ainda que, no caso do ponta de lança do FC Porto, a sua chegada a este patamar seja bem mais consistente do que aconteceu anteriormente. Esta noite, surgiu a formar dupla com Cristiano Ronaldo e estreou-se a marcar num lance feliz. Mas André Silva soube procurar essa sorte que lhe fugiu, por exemplo, quando cabeceou à barra, aos 36 minutos.