Fernando Santos, selecionador nacional, em declarações na flash interview da RTP3, após o triunfo arrancado a ferros frente à Rep. Irlanda, em jogo da quarta jornada do grupo A da fase de qualificação para o Mundial 2022:

«Acho que até aos 15/20 minutos a equipa teve bem. Entrámos bem, tivemos um penálti e uma bola no poste. Fizemos uma circulação de bola correcta a jogar entrelinhas e nas linhas. Ganhámos a segunda bola com facilidade. Até aos 20 minutos a Irlanda viu-se obrigada a chutar a bola para a frente. O Palhinha esteve muito, muito bem a garantir as segundas bolas. Depois a equipa não conseguiu fazer isso, tentou tocar a bola e encontrar espaços, mas perdeu reação à perda de bola. O adversário começou a criar alguns problemas.

O Pepe teve uma pequena queixa e esses pormenores acabam por influenciar o jogo. Também houve muitas paragens, enfim, a equipa perdeu a capacidade que tinha tido para recuperar a bola. Permitimos que o adversário saísse e acabámos por sofrer numa jogada que conhecíamos. 

Os jogadores tinham muita vontade ao intervalo. Tivemos de partir o jogo para chegarmos mais parte e colocámos o André e o Cristiano um pouco mais na esquerda. O adversário saiu com perigo, o que é normal. Depois o Palhinha acabou. O meio-campo estava com mais dificuldade e as alterações que fizemos foi para ter mais bola. A partir do momento das entradas do João Moutinho e do João Mário, a equipa pressionou mais, recuperou a bola e instalou-se no meio-campo contrário. Lançámos o Guedes mais tarde e ficámos praticamente com dois defesas. A Irlanda deixou de sair e fizemos dois grandes golos. A vitória é justa. 

No início da segunda parte pensava que iríamos flanquear melhor. Senti que tínhamos dificuldades e lancei o Nuno [Mendes] que é mais rápido. Fomos alterando até encontrar a melhor solução. Quando o jogo começa a ficar assim, uma das soluções é ganhar as segundas bolas e encostar o adversário. As oportunidades acabam por surgir. Tivemos seis oportunidades. O Bernardo tem um lance de génio e a bola não entra, o João [Mário] igual. Isto cria ansiedade, mas os jogadores estão de parabéns. Fizeram de tudo para dar a volta ao jogo. A vitória é justíssima. 

Ronaldo? O Ronaldo sempre foi isto na sua história. Pode o jogo não estar a correr bem, mas os grandes jogadores são assim. Tive um treinador, o Jimmy Hagan... Um dia perguntei-lhe: 'Quando o Eusébio está a jogar mal por que razão não sai?'. E ele respondeu-me: 'E quando for preciso, onde está o Eusébio?'. Os grandes jogadores são assim e resolvem jogos.»