Bruno Fernandes não tem dúvidas sobre a importância que a passagem por Itália teve na regularidade que apresentou na primeira época na Liga. Esse, aliás, era um dos objetivos que traçou quando, ainda na formação, rumou a Itália.

«Estes cinco anos em Itália foram muito produtivos, para mim e para o meu crescimento. Quando voltei, vinha pronto a jogar num clube como o Sporting. Porque a questão, para mim, não era tanto a de voltar a Portugal e ao futebol português, mas sim a de estar preparado para um grande clube, com as responsabilidades que isso traz», disse, em entrevista ao Sindicato dos Jogadores.

Com cinco prémios de Melhor Jovem da Liga, Bruno Fernandes foi uma das revelações do campeonato, logo no seu ano de estreia ao mais alto nível em Portugal.

O médio do Sporting assume que as distinções o surpreenderam e que foram um incentivo para a época muito positiva que veio a conseguir.

«Não esperava ter tantos prémios logo nos primeiros tempos, mas foi bom para a minha adaptação e o meu crescimento para o resto da época. Deu-me um grande impulso para melhorar e trabalhar a cada dia para receber mais reconhecimento», afirma.

A verdade é que os prémios foram chegando e o nome do jovem médio surge em quase todas as listas que e façam das principais figuras do campeonato, pela regularidade demonstrada, pelas assistências e também pelos golos, com Bruno Fernandes a ter a sua melhor época de sempre neste último aspeto. A justificação? «A maneira de jogar do Sporting.»

«Até aqui chegar jogava em equipas – o Novara, a Udinese, e mesmo a Sampdoria - que não entravam em todos os jogos com a obrigação de vencer. Nenhuma delas tem a ambição que o Sporting tem, nenhuma podia lutar pelo título. Sendo o Sporting uma equipa mais forte, e com jogadores melhores do ponto de vista técnico, isso ajuda a que eu esteja melhor, mais perto da baliza e com mais situações para remate», explica.

Convidado a recordar a ida para Itália, o jogador natural da Maia assume algumas dificuldades, também por ser tão novo, mas confessa que a vontade de singrar o fez ultrapassar os problemas.

«Houve dificuldades, mas senti sempre que a minha ambição era maior do que as dificuldades com que me deparava. Sempre fui muito ambicioso, sempre tive objetivos bem definidos, e estes passam sempre por jogar, independentemente da equipa onde esteja», revela.

E sobre a saída do Boavista, onde fez quase toda a formação, aos 17 anos, o jogador que vai representar Portugal no Mundial da Rússia, fala sobre o carinho que nutre pelo clube e do sonho que ficou por cumprir.

«Nunca me foi dada a possibilidade de jogar pela primeira equipa, o que é uma das recordações menos positivas que tenho de um clube de que continuo a gostar muito. Tinha o sonho de jogar lá, desde que entrei nos escalões de formação, e isso acabou por não se concretizar. Nessa altura saí um pouco triste, mas sabia que indo para Itália tinha uma grande possibilidade», recorda.

Bruno Fernandes fala também do único ídolo que tem, o pai - «uma pessoa ambiciosa e lutadora» - e da honra de ter jogado com duas das grandes figuras do futebol mundial que jogam na sua posição.

«Tive este ano a possibilidade de defrontar um dos jogadores que mais admiro, o Iniesta. Em Itália defrontei um jogador como o Pirlo, que já foi número 10, já foi interior e acabou a carreira como 6. Admiro esses dois, pelo que são ou foram como jogadores, mas também como pessoas», confidenciou, salientando também uma troca de palavras – e de camisola – com o capitão da seleção espanhola, que pode voltar a defrontar no jogo de estreia de Portugal no Mundial.

«Tive ocasião de falar e de trocar de camisola com o Iniesta, que confirmou ser alguém espetacular, de uma simplicidade absoluta», remata.