Atenção senhores passageiros, o avião com destino ao Azerbaijão está prestes a descolar. Faz passagens por Baku e aterra no sonho do título.

A seleção portuguesa sub-17 parte nesta segunda-feira rumo ao sonho do título no Europeu da categoria. Na bagagem, a equipa lusa leva o estatuto de favorita e não há como negá-lo.

Depois de uma fase de apuramento quase perfeita, os jovens lusos conseguiram até apurar-se sem jogar, mas não se fizeram rogados e «despacharam» a Ronda de Elite com um pleno de vitórias sobre Suécia, País de Gales e Croácia.

A estreia no Europeu faz-se já no dia 5, precisamente frente ao anfitrião da prova, na capital Baku. Seguem-se como adversários do Grupo A Escócia e Bélgica, em jogos a 8 e 11 de maio, respetivamente.

Seleção sub-17 encerrou preparação para a fase final na Cidade do Futebol

Maisfutebol foi acompanhar os últimos preparativos da seleção sub-17 para a fase final do Europeu, que decorre entre 5 e 21 de maio, marcando presença no mini-estágio que decorreu na recém-inaugurada Cidade do Futebol.

Ainda com o grupo de jogadores por definir, algo que entretanto já ficou estabelecido (o que deixamos mais para a frente), conversámos com o selecionador nacional Hélio Sousa.

O técnico, já habituado a estas andanças com as seleções jovens, anteviu uma competição bastante equilibrada, mas acredita na capacidade desta nova geração.

Estamos a tornar-nos cada vez mais consistentes, já temos uma identidade de jogo. A cada momento tentamos que ela continue a crescer. Esta geração está a meio de um caminho em termos competitivos que queremos que seja potenciada ao máximo para estar nestas grandes competições a cada momento. Eles podem ser a próxima geração a conseguir o apuramento para o Mundial sub-20, depois desta geração de sub-19, e queremos que eles consigam essa presença.

Depois de ter guiado a seleção sub-20 aos quartos-de-final do Mundial da Nova Zelândia, no ano passado, Hélio depara-se agora com um desafio bastante distinto.

Hélio Sousa cumpre seis anos na Federação Portuguesa de Futebol e já orientou todos as seleções jovens

Entre mãos, o técnico tem um grupo de 18 jogadores muito jovens (adolescentes é até mais correto). Perante a evidência, a preparação para um torneio desta dimensão tem de ser forçosamente diferente, até porque, segundo explicou o treinador, para além do futebol nas pernas, tem bastante peso o fator emocional dos jovens atletas.

Uma é complemento da outra e vão acontecer em simultâneo a qualquer momento. Há situações que vão mexer com o estado emocional dos jogadores. Se no primeiro jogo, contra a equipa da casa, estiverem, como se diz, 30 a 40 mil pessoas no estádio, isso vai criar situações nunca antes vivenciadas por eles e vai ser importante a maneira como vão superá-las. Estamos conscientes da importância desse primeiro jogo, que nos coloca melhor para o depois. Vai ser uma experiência única que vai prepará-los para o futuro.

Azerbaijão como mostra da «colheita» lusa

Mais do que uma competição a doer, o Europeu é visto pelos responsáveis lusos como um palco privilegiado para mostrar o talento do jogador português e da formação, que nos últimos anos tem dado mais frutos do que era habitual. E Hélio Sousa sabe-o bem.

Na minha geração foi assim, e as seguintes conseguiram manter jogadores nos grandes da Europa. Entretanto houve um decréscimo mas agora voltaram a aparecer jogadores desejados pelos grandes da Europa, de qualidade assinalável e potencial para representar Portugal

O nosso jogador é cada vez mais completo, capaz de jogar em qualquer tipo de futebol, capaz de entender todos os aspetos do jogo, e a essa adaptabilidade ser aliada de uma grande capacidade competitiva. Os clubes e a Federação dão uma amplitude tão grande de ferramentas aos jogadores, que eles são capazes de se adaptar e mostrarem a sua competitividade em qualquer futebol

Neste Europeu vão estar as potências de formação da Europa, e nós incluímo-nos pelo trabalho que realizámos ao longo de décadas, em particular nestes últimos anos. Os jogos vão ser transmitidos pela Europa fora e por outros países do mundo e queremos promover o jogador português, a sua identidade e qualidade potenciada através do trabalho que os clubes têm desenvolvido também com esses jogadores, e a identidade que Portugal tem vindo a demonstrar nos últimos anos. Isso já eram ganhos importantes. Se lhe pudermos juntar um prolongamento na competição até ao limite seria excelente.

Questionado sobre o potencial deste grupo de jogadores, Hélio não hesitou em apontar-lhe voos semelhantes.

Têm um compromisso enorme. São muito competitivos, querem aprender e ser melhores, e estão a lutar pelo sonho de serem profissionais. Têm mostrado condições para isso, temos aumentado em quantidade a qualidade, algo que não era assim quando iniciei funções - ter jogadores de qualidade de seleção. Espero que nos próximos anos seja ainda mais difícil a escolha

Estão a demonstrar condições para mais tarde serem opção. Mesmo que não vão parar aos grandes, têm condições para enriquecer o campeonato português. Manter esses jovens por cá traz mais qualidade ao campeonato no futuro.

«Temos capacidade para vencer qualquer jogo»

Estádio Olímpico de Baku, 21 de maio. Se pudesse viajar no tempo, era aí que a comitiva lusa pararia certamente, no dia da final. Pelo meio, talvez, uma visita ao Estádio do Fontelo, em 2003, lembra-se?

João Moutinho (nr.8) fez parte da equipa sub-17 que conquistou o título europeu há treze anos

Como ainda ninguém inventou uma «gerigonça» capaz de tal feito, pela frente há então uma corrida que pode ter algumas curvas perigosas, mas em que os portugueses partem como favoritos.

Não nos importamos que olhem para nós dessa maneira. Em cada jogo temos de confirmar as nossas potencialidades, as nossas qualidades e ser consistentes. Queremos ser capazes e conseguir fazer o mesmo ou melhor do que no jogo anterior. Isso é desgastante, física e mentalmente, mas temos demonstrado que somos capazes de manter esse nível. Temos já ciente que o objetivo de cada jogo é vencer, apesar de os adversários irem dificultar-nos muito a vida.

Quanto a aspirações no Campeonato da Europa, Hélio Sousa não tem dúvidas: o título é possível, mas é melhor manter a coisa por baixo até lá.

Sentimos que temos capacidade para vencer qualquer jogo e esperar que isso nos leve o mais longe possível, mas também não podemos fazer filmes se não passarmos a fase de grupos. A nossa prioridade é o Azerbaijão, depois a Escócia… estamos ao nível das melhores equipas da Europa, com capacidade para vencê-las

Vamos fazer de tudo para estar na final. Estivemos perto pelos sub-19 há pouco tempo (perderam 1-0 na final com a Alemanha em 2014). Deixámos bem realçada a valia do nosso jogador e do nosso futebol, o que nos deixa felizes dentro da tristeza que foi ter estado tão perto e não conseguir. Queremos mais, desejamos estar nestas competições grandes e vencê-las, o que projetará mais o trabalho que fazemos.

Os «homens» escolhidos para o Europeu

Dezoito jogadores, um objetivo comum, colocar o nome de Portugal nas bocas da Europa. É esse o compromisso dos jovens escolhidos por Hélio Sousa para a fase final do Europeu sub-17.

Neste sábado, o técnico anunciou a lista de atletas que vão representar as cores lusas no Azerbaijão, convocatória com predominância de jogadores de Benfica e FC Porto, com cinco jovens cada, seguindo-se o Sporting com três atletas chamados.

Começando logo pela baliza estão dois jogadores habituados a trabalhar com «gente grande».

Guarda-redes: Diogo Costa (FC Porto) e João Virgínia (Arsenal)

O primeiro tem apenas 16 anos mas já se treinou com o plantel principal dos dragões esta época, sendo apontado como uma promessa de futuro no emblema azul e branco. Um treinou com Iker Casillas, o outro com Petr Cech. João Virgínia trocou o Benfica pelo Arsenal no início da época e parece encaminhar-se para altos voos.

Defesas: Diogo Dalot, Diogo Leite, Diogo Queirós (FC Porto); Luís Silva (Stoke City); Rúben Vinagre (AS Mónaco) e Thierry Correia (Sporting);

No setor mais recuado, dominado por dragões e leões, destaque para Rúben Vinagre, jogador que trocou a Academia de Alcochete pelos ares do Principado do Mónaco no início da época, onde é supervisionado por Leonardo Jardim. Das escolas do rival Benfica saiu Luís Silva, central que agora alinha nas equipas jovens do Stoke City, da Premier League inglesa.

Médios: Lameira (FC Porto); Domingos Quina (West Ham); Florentino, Gedson Fernandes (Benfica); Miguel Luís (Sporting);

«Desfalcada» de Renato Sanches (imagine-se) no miolo do terreno, há um outro nome a seguir. Domingos Quina é ainda desconhecido de muitos, mas aos 16 anos já conta no currículo com passagens em Benfica, Chelsea e agora West Ham. O médio de ascendência guineense promete dar que falar no Europeu.

Avançados: José Gomes; João Filipe e Mesaque Dju (Benfica); Mickael Almeida (Lyon); Rafael Leão (Sporting)

Lá na frente, curiosidade para perceber a valia de Mickael Almeida, um lusodescendente que alinha nas equipas jovens do Lyon. Mas há outro nome que certamente não passará despercebido a quem costuma acompanhar o Maisfutebol. José Gomes concentra atenções pelo que fez no Benfica na edição passada da UEFA Youth League, e também por ser uma das «pérolas» que os encarnados quiseram segurar há precisamente um ano.

Um lote de jogadores com reconhecido potencial, e que vão tentar trazer o «caneco» para Portugal. Para isso, terão de completar um percurso que se define da seguinte forma:

Jogos de Portugal na Fase de Grupos

Azerbaijão-PORTUGAL, 05 de maio, 18h00
PORTUGAL-Escócia, 08 de maio, 13h30
PORTUGAL-Bélgica, 11 de maio, 14h00

Esquema da fase final da competição