Fernando Santos recordou a relação com Cristiano Ronaldo, que começou precisamente há dezassete anos, quando o selecionador treinava o Sporting e o então miúdo de 18 anos subiu à equipa principal leonina. Mas logo aí o treinador percebeu que havia ali algo de especial.

«Era perfeitamente claro que ele ia ser o que agora é. Os génios, seja no futebol, na pintura ou no teatro, são génios sempre. Isto cheira-se. E depois este génio tinha outra coisa fantástica aos 18 anos: a ambição de ser melhor, e melhor e melhor.»

Nesta entrevista à SIC, o selecionador contou até uma história sintomática.

«Eu lembro-me sempre de um episódio, no início do mês e meio que passei com ele. Chamei-o uma vez e disse-lhe: olha, tu tens um potencial enorme, tu vais ser um bom jogador, nesta equipa vais jogar, mas tens de melhorar o teu jogo de cabeça. Na posição em que vais jogar, devias melhorar o teu jogo aéreo», começou por contar.

«No dia a seguir saí para ir treinar e quando olho para o campo o Ronaldo já lá estava. Quando lá cheguei vi que tinha dois ou três miúdos amigos dele a mandar bolas para o ar e ele a cabecear. No dia a seguir, a preocupação dele era ir para o campo meia-hora mais cedo para fazer o que o treinador lhe disse. Isto mostra logo a marca do bicho, como dizem.»

Esta conversa passou também pela final do Euro 2016, em Paris, e por aqueles encontrões que Ronaldo deu a Fernando Santos quando se viviam os últimos momentos do jogo.

O selecionador brinca que as nódoas negras dessa noite já passaram, mas há uma história que  não passou, porque o marcou.

«É uma cena brutal. Eu estava a gritar para dentro de campo, porque o Raphael [Guerreiro] lesionou-se já nos segundos finais e eu precisava que alguém fosse para lateral esquerdo. Estava a gritar, a gritar e ele a dar-me porrada e a gritar: ó velho, ó velho, a gente já ganhou. É carinhoso. É como tratar como pai. Se fosse mister, acho que não me dizia nada. É muito mais carinhoso dizer ó velho, ó velho, a gente já ganhou