Há que ser nação valente para ir em frente.

Não dá para colocar as coisas de outra forma. Como cantamos todos de cada vez que nos levantamos para celebrar o hino nacional, hoje à noite Portugal tem de ser herói do mar, tem de ser nobre povo e tem de fazer sentir a sua voz e tem de lutar, lutar, lutar, nem que para isso seja preciso marchar contra canhões.

O confronto com o Uruguai não vai ser nada menos do que uma batalha. Do outro lado, recorde-se, vai surgir uma equipa combativa, lutadora, guerreira.

Uma equipa que faz da intensidade colocada nos duelos individuais, mesmo que não faça uma pressão alta, a melhor estratégia para ultrapassar adversários.

O Uruguai não tem nada a ver com Espanha ou Marrocos. Tem muito mais a ver, na forma como jogo, com Irão, aliás. Trata-se de uma seleção bem organizada, que ocupa bem os espaços, que defende bem e faz dessa boa arrumação defensiva os alicerces de todas as vitórias.

Para além de tudo, e nisso é completamente diferente do Irão, tem bons valores individuais. Tem Cavani e Suárez na frente, claro, dois dos melhores avançados do mundo, mas tem também Godín e Gímenez no centro da defesa, Vecino no meio-campo, Bentancur no apoio ao ataque.

Trata-se, portanto, de um adversário individualmente forte e coletivamente muito forte. Um adversário que resgatou os genes uruguaios de vigor, intensidade e firmeza.

Ora por isso vale a pena regressar ao início do texto par dizer que Portugal tem ser uma valente nação. Tem de ter fibra e rigor, energia e ímpeto, força e solidez.

Tem de querer ganhar todos os duelos individuais tanto quanto o Uruguai, sem nunca se desorganizar, para a partir daí abrir espaço ao talento: de Cristiano Ronaldo, de Quaresma, de João Mário ou de Gonçalo Guedes.

Tem enfim de ser um Portugal muito português.

Tem de ter o talento de um Fernando Pessoa, a arte de um Jorge Palma, o rigor de Salgueiro Maia e a capacidade de luta de um emigrante em França. Tem de ter tudo, no fundo.

William muito provável, mas dependente de um último teste

Também por isso imagina-se que Gonçalo Guedes pode voltar a ser titular, para acrescentar à equipa um homem disponível para recuar no terreno e ajudar no combate a meio campo.

A maior preocupação, porém, não está na frente de ataque: não está em saber se o melhor é Guedes ou é André Silva. A maior preocupação está em William Carvalho. O trinco, recorde-se, passou os dois últimos dias com problemas físicos. Nesta altura tudo aponta para que seja opção, mas ainda não é certo: o jogador vai fazer um último teste este sábado.

Se o resultado confirmar a disponibilidade, William ocupará o lugar dele no meio campo. Se não o fizer, a solução pode passar por Manuel Fernandes, que treinou várias vezes a trinco durante a última semana, ou até por Adrien Silva, entrando neste caso Moutinho para lhe fazer companhia.

Enquanto estas dúvidas duram, há uma certeza: há que ser nação valente para seguir em frente.

Equipas prováveis

PORTUGAL:

Suplentes: Anthony Lopes, Beto, Ricardo Pereira, Bruno Alves, Ruben Dias, Mário Rui, Manuel Fernandes, João Moutinho, Bruno Fernandes, Bernardo Silva, Gelson Martins e André Silva.

URUGUAI:

Suplentes: Campaña, Martin Silva, Maxi Pereira, Coates, Guillermo Varela, Carlos Sánchez, Cristian Rodriguez, De Arrascaeta, Stuani, Gaston Silva, Maxi Gómez e Urreta.