Antes de Portugal, a Espanha. A selecção que nos afastou do Mundial está distante da que venceu o Euro 2008. Defende pior, falta-lhe Iniesta, mais Torres, até aquele Senna imperial à frente da grande área. Provavelmente afastará o Paraguai, mas será surpreendente se afastar Argentina ou Alemanha.

Portanto, foi com uma Espanha muito menos forte do que em 2008 que Portugal perdeu.

Isto não significa que, do meu ponto de vista, a selecção portuguesa seja melhor do que a espanhola. Mas, viu-se esta noite, poderia ter provocado maiores danos a Casillas e até vencido. Era possível. Pelo menos visto de Lisboa, pareceu possível.

O que nos leva ao ponto essencial: a selecção portuguesa não demonstrou, em momento algum, convicção. Já nem falo em qualidade futebolística. Penso apenas em fé na capacidade própria e na possibilidade de incomodar o adversário, desequilibrá-lo, fazer-lhe mal. E eles, percebeu-se na forma como festejaram no fim, tinham dúvidas. Era «só» encorajá-los a reconhecê-las.

Recordo o posicionamento de Portugal com a Espanha e o Brasil e pergunto-me como foi possível ter chegado aqui. Correndo o risco de ser injusto, acho que a liderança de Carlos Queiroz está a trazer a selecção para um local que tinha abandonado há muitos anos. E isso é capaz de ser grave.

Neste Mundial, quando tivemos de enfrentar os melhores adversários, fomos pequenos. Como noutros tempos, quando entrávamos em campo convencidos de que os outros eram muito melhores do que nós e jogar de igual para igual era algo impensável. Aliás, olhos nos olhos só enfrentámos Costa do Marfim e Coreia do Norte. E é assim que vamos.

Nunca pareceu que a selecção desejasse mais do que sair de cabeça erguida, na expressão, também ela pequena, do seleccionador. Passámos muito tempo atrás, na esperança que Ronaldo surgisse lá na frente, por entre o nevoeiro, e resolvesse. Aparentemente, foi para isso que nos preparámos durante semanas.

Não queríamos uma coisa diferente e, sejamos honestos, não merecíamos mais. Lamentavelmente, voltamos para casa mais pequenos do que partimos. Era o pior desfecho.