Não brotou para um lado, nem para o outro.

José Fonte até marcou, mas o lance foi anulado. E seria também o central campeão pelo Lille a negar, porventura, um dos lances mais claros de golo para Espanha, ao dar o corpo ao remate de Morata, que atirou depois à trave no último lance.

No final, o duelo ibérico torneado pela apresentação a candidatura ao Mundial 2030 não saiu do nulo no Wanda Metropolitano. Foi uma fonte seca de golos, num teste que afinou baterias e permitiu mais experiências para o Euro 2020, entre os campeões das últimas duas edições da prova.

Sem contar o golo anulado a Fonte, que se apoiou em Pau Torres aos 23 minutos, Portugal fez o único remate na primeira parte ao minuto 42 e foi por cima, por Nélson Semedo. O primeiro remate enquadrado do jogo surgiu apenas ao minuto 50, por Morata.

Isto conta parte, mas só parte, da história de um jogo pouco vistoso e apetecível a nível ofensivo, marcado pela estreia absoluta de Pedro Gonçalves e por experiências em cascata de Fernando Santos. Assentou a equipa num 4x2x3x1 com Danilo e Sérgio Oliveira como faróis ao meio, com Félix atrás de Ronaldo e Renato Sanches e Jota nas alas. Depois do intervalo, testou Danilo a central, colocou Pote pela direita e foi mexendo no duplo pivô com as entradas posteriores de William, João Palhinha e Bruno Fernandes.

O certo é que, até um pouco à semelhança do duelo ibérico dos sub-21 na véspera, foi a Espanha a criar mais. Teve mais bola (71 por cento na primeira parte e 359-103 em passes; 64 por cento de bola e 645-302 em passes no fim) e chegou mais ao ataque. Ainda assim, não se viu aquela fúria espanhola de outrora. Patrício teve pouco trabalho, Pepe e Fonte foram sendo coesos e evitaram males maiores. Isto apesar de algumas más saídas de bola, provocadas pela alta pressão espanhola.

Espanha-Portugal: o filme do jogo

A seleção de Luis Enrique investiu na largura, procurou pelo meio, mas não conseguiu melhor do que um desvio de Ferrán Torres pouco ao lado da baliza: surgiu bem nas costas de Pepe. Do outro lado, Portugal foi-se valendo, além da boa atuação dos centrais, de saídas rápidas de Renato Sanches, porém sem critério ofensivo consequente.

No primeiro quarto de hora da segunda parte, Morata cheirou o golo duas vezes, mas Patrício e Fonte estavam lá. Quando não estiveram, Sarabia não aproveitou quando tinha a baliza à mercê, após um lance em que Pepe ganhou a frente a Llorente, mas perdeu e ficou a pedir falta não dada.

Seguiram-se as experiências a partir do banco, num jogo em que Portugal foi conseguindo atenuar a posse de bola consecutiva de Espanha, mas sem nunca ganhar e agarrar com tudo o meio campo. O melhor que conseguiu foi um cabeceamento pouco por cima de Jota, após um cruzamento brilhante de Ronaldo (69m).

No final, Morata de novo. E um nulo que em parte se deve à ineficácia do avançado (mas também a uma grande defesa de Patrício pelo meio, a Ferrán Torres). O avançado da Juventus chegou um tudo-nada atrasado ao cruzamento de Gayá (81m) e, no primeiro de dois minutos adicionais, atirou à trave na cara de Patrício, confirmando um duelo ibérico com fonte seca de golos.