«Só tenho 24 anos, mas é como já tendo passado muito tempo. Passaram 10 anos, de facto. Mas tenho tempo para corrigir vários erros que fiz.» Assim falou Freddy Adu à televisão do Blackpool, em fevereiro passado.

O fenómeno Freddy Adu começou em 2004, é verdade; mais concretamente em março desse ano. Há 10 anos, um jovem com apenas 14 anos tornava-se o mais novo jogador norte-americano de sempre a assinar um contrato profissional numa liga. E, em sequência, acabou também por ser o mais novo jogador (no DC United) e marcador de um golo na Major League Soccer.



Já com dois Campeonatos do Mundo sub-20 no currículo, o futebolista ainda adolescente voltou a bater mais uma marca no seu país de adoção – Fredua Koranteg Adu nasceu no Gana a 2 de junho de 1989 e foi para os Estados Unidos com oito anos. Adu estreou-se pela seleção AA dos Estados Unidos em janeiro de 2006 tornado-se o mais novo internacional de sempre (16 anos e 234 dias) da equipa nacional norte-americana.

Mas nunca acabou por ser uma opção para o Campeonato do Mundo da Alemanha, naquele ano de 2006. Seria uma ida precoce no que respeita à idade, mas já tinha acontecido. Como aconteceu com Pelé (aos 17 anos no Mundial de 1958). E Adu era o fenómeno dos recordes; que o próprio rei brasileiro já tinha perfilhado como seu possível sucessor.

Freddy Adu podia ter-se estreado num mundial aos 17 anos e (mais uma vez) bater novo recorde jogando a prova de seleções 20 dias mais novo (no mínimo) do que Whiteside – o norte-irlandês é o mais novo de sempre a jogar num Campeonato do Mundo aos 17 anos e 41 dias. O médio norte-americano não foi ao Mundial 2006 e acabou por fazer o primeiro jogo como titular dos EUA só em novembro de 2007, já depois do terceiro Mundial sub-20.

E foi também nesse ano de 2007, já na maioridade, que a Europa acabou por ver o seu futebol ao vivo. Freddy Adu veio para Portugal para representar o Benfica.



A estreia de Adu pelo Benfica aconteceu pouco depois da chegada, numa pré-eliminatória da Liga dos Campeões com o Copenhaga (vitória por 2-1).



No Benfica, Adu marcou cinco golos em 21 jogos (com apenas duas titularidades). Na temporada seguinte, a de 2008/09, o Benfica emprestou o norte-americano numa sucessão de emblemas que só pararia em 2010/11, no regresso de Adu aos Estados Unidos. Pelo meio, ainda houve oportunidade para voltara a Portugal emprestado ao Belenenses (com quatro jogos em meia época), depois de Monaco e antecedendo Aris (Gréia) e Rizespor (Turquia).



Em 2008, o cada-vez-mais-por-confirmar-fenómeno ainda participou na qualificação dos Estados Unidos para o Campeonato do Mundo da África do Sul. Mas, no périplo europeu pós-Benfica, Adu nunca fez mais de 11 jogos por época e deixou a Europa com sete golos marcados. E, pelo meio, passou-lhe ao lado a fase final do Mundial 2010.

O regresso à seleção principal dos Estados demorou dois anos a acontecer. E não deixou de ser com surpresa que aconteceu a sua chamada para Gold Cup em 2011. Data desse ano o último (e 17º jogo) com a camisola dos EUA, na final que os norte-americanos perderam com o México (2-4). A Gold Cup sucedeu à sua desvinculação do Benfica e antecedeu o retorno ao seu país. Freddy Adu ficou até final de 2012 no Philadelphia Union.

No ano seguinte representou o seu último clube até então, o Bahia, emigrando desta vez para o Brasil. No total, Adu representou nove clubes naqueles tais 10 anos desde que se tornou profissional na MLS. Já parece muito, já parece uma carreira cheia. Mas é também a carreira de quem ainda só tem – lembre-se – 24 anos; pois ele começou (bem) cedo.



Já neste ano, Adu esteve a treinar no Blackpool (da 2ª liga inglesa), mas, no final, voltou a estar sem clube. E, mais uma vez, desde que é um jogador elegível, vai falhar um Campeonato do Mundo – exatamente no Brasil, o último país onde jogou. Em 2014, dez anos depois da estreia precoce do fenómeno Freddy Adu, o antigo jogador do Benfica dá algumas explicações para o início.

«O que a maioria não sabe é que eu decidi ser profissional porque a minha família era pobre. Naquela altura, a minha mãe era uma mãe solteira com dois a três empregos. E o que é que eu vou fazer? Dizer não a milhões de dólares naquela idade enquanto a minha família está a lutar?... Não! Quando a Nike nos dá um contrato de milhões de dólares, o que é que vamos dizer? Foi do género sim, eu alinho

O que está a faltar mesmo, então, é (re)encontrar o rumo certo para a carreira desportiva. Nesta entrevista à televisão do Blackpool, Adu acredita que, aos seus 24 anos, ainda está a tempo de chegar onde (afinal) não chegou no futebol: «No passado, muitas vezes não fiz as melhores escolhas de clubes, portanto, tenho de tomar a decisão certa desta vez.»