A Democracia Corinthiana já é um filme: a curta-metragem foi apresentada quinta-feira em antestreia, no Museu do Futebol, em São Paulo, quatro dias apenas após a morte de Sócrates. A proximidade das datas é uma coincidência, num projecto que começou a ser preparado há quase três anos.

Por detrás do filme está um grupo de antigos alunos da Unicamp, que entretanto se tornaram produtores e directores profissionais. A curta saiu com o selo da DNA Filmes e trouxe uma novidade curiosa: pode ser vista no site oficial do filme e no Facebook. A ideia, dizem, é democratizar a cultura também.

Rubens Pássaro é o produtor e argumentista do filme e diz ao Maisfutebol como nasceu a ideia. «Pelo interesse de entender como se articulava esta equipa, dentro e fora dos relvados», conta. «É um movimento único no futebol brasileiro, no qual uma equipa vive um sistema interno de democracia.»

O jovem produtor recorda que «o país vivia uma ditadura militar» e que «os jogadores se mobilizaram fora dos relvados, participando no movimento das Diretas Já, pelo voto directo no país. Além disso fazia um futebol muito bonito e vitorioso, alcançando dois títulos estaduais de 1982 e 83.»

Ao longo de 24 minutos são cruzadas imagens da equipa e depoimentos das pessoas que fizeram a Democracia Corinthiana. A começar pelo próprio Sócrates. Mas não só: também Wladimir, Biro-Biro, Juca Kfouri e Washington Olliveto, que já contou ao Maisfutebol o que era esta equipa.

O filme não tem propósitos comerciais, é gratuito e até a antestreia é aberta ao público. «A ideia é eternizar esta equipa, contando o que foi e como se mobilizou, contextualizando todo o período. E da maneira mais democrática possível, disponibilizando o documentário gratuitamente.»

Rubens Pássaro até é palmeirense, mas encantou-se com a história da Democracia Corinthians. «O maior legado dessa equipa foi mostrar que o futebol pode ser libertador, não só alienante. Na época trouxe a democracia para o debate, utilizando uma linguagem acessível a todos os brasileiros.»

«Infelizmente, no futebol actual, vemos poucos reflexos disso. Os jogadores estão cada vez menos disponíveis e posicionam-se frente a assuntos de interesse público pouquíssimas vezes». Por isso uma dedicatória: «Infelizmente tivemos uma grande perda e o filme é dedicado a Sócrates.»

Veja todo o filme: