Sérgio Conceição explicou, nesta terça-feira, as razões que o fizeram declinar o convite do Cluj, da Roménia. O treinador do Olhanense, que iria ganhar mais do dobro e disputar a Liga dos Campeões, preferiu dar continuidade ao projeto no clube algarvio, e consolidar as fortes ligações que tem ao grupo de trabalho, direção, adeptos e cidade.

«As coisas processaram-se da maneira que tinham de se processar. Há uma semana e meia fui contactado pelo Cluj, antes do jogo da Taça de Portugal, e disse-lhes que, independentemente daquilo que poderia acontecer, as minhas exigências em termos de negociações para com eles não teriam de ser tomadas antes das exigências da direção do Olhanense. Processou-se assim, eles chegaram a acordo com a direção do Olhanense, eu não cheguei com eles, e pensei no projeto que tenho aqui e do que poderei fazer até ao fim da época», começou por explicar.

«Poderia ter ido ganhar mais do que o dobro e poderia ser aliciante em termos desportivos, porque iria jogar na Liga dos Campeões, mas achei que o momento era para ficar e não abandonar estes jogadores e projeto, e ajudar o Olhanense a conseguir os seus objetivos, que com esta ligação que existe entre o grupo de trabalho, equipa técnica e dirigentes, vai ser conseguido», continuou com convicção.

«Estou completamente concentrado no Olhanense. Obviamente que fico honrado e lisonjeado com este interesse de dois clubes de topo da Grécia e da Roménia. O meu percurso como treinador principal ainda é curto, tem só nove meses e, para mim, ir adquirindo experiência e contacto com a I Liga é muito importante», acrescentou o técnico.

«Criámos uma ligação forte ao Olhanense, com as pessoas, adeptos, cidade e grupo de trabalho, e neste momento não achei que seria a altura de sair. A vida é assim, sou de convicções fortes, o meu trajeto está bem delineado, mesmo independentemente de saber que o projeto que me apresentaram era aliciante, tanto a nível financeiro, como desportivo. Isso demonstra o meu caráter, o dinheiro é importante, mas não podemos, eu e equipa técnica, pôr a carroça à frente dos bois. Os passos têm de ser dados, mas certos e com consciência. Achei que assim seria o melhor para a minha carreira», disse depois.

«Quero agradecer mais uma vez a aposta que o Olhanense fez em mim no ano passado, e depois de toda a instabilidade e problemas que houve há uns meses , neste momento estamos mais estáveis, e conhecendo a equipa que tenho, seria mau abandonar o barco. Isso não faz parte do meu feitio e maneira de ser, achei que não era o momento de o fazer», argumentou.

Mourinho e Villas-Boas

Como disse, o interesse de AEK e Cluj deixaram o treinador satisfeito: «Só foram vendidos para o estrangeiro dois treinadores em Portugal, o Mourinho e o Villas-Boas. Num clube pequeno, acho que foi a primeira vez que essa possibilidade aconteceu. E por duas vezes. Fico contente e o meu ego fica inchado, como se costuma dizer. Mas não sou desses, verdadeiramente não fico com o ego inchado. Para a minha carreira, isso não me iria dar mais do que me dá ficar no Olhanense, exceto em termos financeiros e apesar de ir disputar a Liga dos Campeões».

Isidoro Sousa manifestou vontade em renovar com o treinador. Sérgio Conceição acha que ainda é cedo para se falar nisso. «Tenho um compromisso com o Olhanense até ao fim desta época e depois logo se verá. Estou com todo o gosto, vou dar o máximo, com as mesmas exigências de sempre em cada jogo e treino, e a cada minuto», disse.