Para alguns, o terror. Janelas corridas, actos de contrição apressados, preces desesperadas. Para outros, um dia como outro qualquer. O que representa, afinal, a sexta-feira 13 no mundo do futebol?

Há uma espécie de carga mística associada a este número. Azar, azar, azar. Quando o calendário o coincide com uma sexta-feira, os mais sensíveis ao campo do esoterismo têm de suportar 24 horas de pânico.

As excepções são muitas, porém. O 13 é, para muitos, sinónimo de protecção, devoção, fé. É o caso de Juary e Mário Zagallo, por exemplo. O antigo avançado do F.C. Porto, arma secreta em tantas e tantas vitórias, aprendeu nas Antas a venerar o número.

«Adoro o 13, seja a uma sexta-feira ou a um sábado», diz o actual treinador do Sestri Levante ao Maisfutebol. «Antes de chegar ao Porto não gostava, admito. Mas da primeira vez que fui ao banco, vesti essa camisola, entrei e marquei. Tenho uma saudade enorme do 13. Fiz dois golos ao Barcelona e, claro, na final de Viena. Sempre com o 13 estampado nas costas.»

Gata da sorte no Rio Ave, meias ao contrário em Paços

Para Juary, o número era «um escudo de protecção» e «impingia medo aos adversários». Mário Zagallo vai ainda um pouco mais longe. Aos 80 anos, o Velho Lobo ainda é o expoente máximo da devoção ao 13.

«Casei-me com a minha esposa a 13 de Janeiro, moro no 13º andar e em todos os clubes pedi a camisola 13», conta, muito lúcido, ao nosso jornal. «Não sou supersticioso, mas a minha mulher era muito devota de Santo António, que é celebrado a 13 de Junho. A partir daí envolvi-me emocionalmente com o número, mais por fé no santo do que por superstição.»

Nesta sexta-feira 13, este monstro sagrado do futebol brasileiro não vai ficar fechado em casa. «Em casa? Não, não tenho medo nenhum. Quero estar com a minha família. Tenho quatro filhos, seis netos e três bisnetos. Sabe quanto isso dá? 13!»

Sebastián Loco Abreu é outro dos partidários na paixão pelo 13.

Treze Futebol Clube: a afrontar o azar desde 1925

O Brasil é um caso paradigmático da influência que a crença e a superstição têm em equipas de futebol. E não é de agora. A riquíssima história da bola em terras de Vera Cruz presenteia-nos com relatos deliciosos.

No Santos Futebol Clube, um antigo presidente chegou a baptizar o autocarro do clube de «Peixe 77», tal a dependência pelo número 7. Jogos a uma sexta-feira 13? Nem pensar, o dirigente não permitia.

As histórias de crendice também nos levam até ao São Paulo Futebol Clube. Antes da final do Paulistão de 1978, a direcção contratou um pai de santo chamado Caboclo Guarantán. Na noite anterior ao duelo contra o Santos, os jogadores foram obrigadores a dançar em redor de um bode morto em pleno relvado. Resultado? A macumba falhou e o Santos foi campeão estadual.

E o que dizer do Treze Futebol Clube? Josimar Barbosa, gerente do futebol, explica ao Maisfutebol a opção por este nome, no mínimo, atrevido. «No dia 7 de Setembro de 1925, os 14 fundadores do clube marcaram uma reunião para escolher o nome do futuro emblema. Só apareceram 13, pois um estava noivo e a namorada não deixou.»

«Numa mesa de 13 elementos, um dos presentes decidiu: vamos ser o clube do 13. Neste caso, do Treze, por extenso. Temos a maior torcida do Paraíba, estamos na IV Divisão Nacional, mas já jogámos nove temporadas no primeiro escalão. Para nós o Treze é sorte e felicidade!»

Juary: o golo em Viena com a 13



Treze FC: campeão paraíbano 2010