Sergei Palkin, diretor executivo do Shakhtar Donetsk, não poupa críticas aos empresários de futebol e a alguns clubes europeus pela forma como estão a tentar tirar proveito da guerra na Ucrânia.

Na terça-feira, a FIFA decidiu alargar o período especial de suspensão de contratos de jogadores e treinadores afetados pela guerra na Ucrânia até ao final da próxima época.

«Se os clubes da Federação Ucraniana de Futebol ou da Federação Russa de Futebol não chegarem a acordo com os seus jogadores e treinadores estrangeiros antes de 30 de junho de 2022, estes profissionais têm o direito de suspender o seu contrato até 30 de junho de 2023», pode ler-se no comunicado do organismo.

Ora perante este cenário, clubes como o Shakhtar Donetsk ficaram com apenas alguns dias para transferirem jogadores a título definitivo ou por empréstimo, sobretudo os jogadores estrangeiros, sob pena de estes saírem gratuitamente no início de julho, para onde quiserem, durante um ano.

«Esta guerra está a demonstrar muitos dos problemas do mundo do futebol. Toda a gente está a aproveitar esta situação, sobretudo os empresários. Alguns empresários estão a destruir-nos, estão a tentar roubar-nos os jogadores. Dizem aos clubes para não nos pagarem porque daqui a uns dias os jogadores ficam livres. Dizem: ‘Não paguem ao Shakhtar, bastam pagarem-me 10 milhões e esqueçam o clube’», lamenta Palkin.

O diretor executivo do Shakhtar Donetsk também aponta o dedo a alguns clubes, que fingem ajudar a Ucrânia e na realidade nada fazem. Pelo contrário, salienta, há bons exemplos e um deles é o Benfica.

«Há clubes que ajudaram genuinamente. Alguns clubes responderam num instante, como o Olympiakos, que nos permitiu comprar 1.500 caixas médicas para o exército, ou o Benfica, que enviou uma enorme ajuda humanitária», salienta.

Durante a longa conversa com o The Athletic, Sergei Palkin voltou a falar sobre o Benfica, quando foi confrontado com as injeções de capital em clubes como o Paris Saint-Germain ou o Manchester City.

«Eu sou a favor da entrada de novo dinheiro no futebol. Vejam o exemplo do Manchester City. Eles podem gastar 100 milhões num jogador do Benfica e esse dinheiro pode ser utilizado na académia do Benfica, nas infraestruturas ou na equipa. Mas quando pagas 100 milhões, isso não te garante vitórias. O dinheiro não entra no jogo de futebol», remata o dirigente.