Decididamente, Diego Simeone não deve morrer de amores pelos tradutores. Talvez por estar em causa a conversão para uma língua que consegue entender, o técnico do Atlético de Madrid voltou a revelar-se rigoroso com o trabalho de quem teve de explicar em português o que acabara de dizer.

Se, na véspera, o argentino teve razões de queixa, desta feita mostrou-se zeloso com a escolha das palavras, já no final da conferência, após a derrota com a Académica. A tradutora, enganada provavelmente pelo tom de voz baixo do treinador, fez duas tentativas, mas só à terceira conseguiu perceber o que Simeone dissera.

«Há que tirar conclusões desta derrota, mas isso eu discuto apenas com os meus jogadores. Satisfeito?», perguntou, por fim, a intérprete. «Perfecto!», respondeu o técnico do Atlético de Madrid. Aleluia. Mas não admira que os italianos chamem traidores... aos tradutores.

Antes, o argentino fizera uma análise realista da partida, com fair-play: «Controlámos a bola na primeira parte, mas sem profundidade. Tivemos alguns momentos de mais intensidade, e, no segundo tempo, estivemos bem nos primeiros minutos, mas não apareceu o golo. A Académica acabou por aproveitar bem as situações. Agora, temos que ganhar o próximo jogo em casa, com o Hapoel.»

«Menor motivação dos jogadores? Não, a Académica jogou melhor, fechou-se bem, deu-nos a bola, mas não conseguimos entrar na defesa deles. Não jogámos como queríamos e o adversário ganhou bem», concluiu, ainda que tenha dado uma bicado no árbitro, cujo ritmo lento, considerou, favoreceu o jogo dos estudantes.