Joaquim Evangelista, presidente do Sindicato dos Jogadores, está preocupado com a generalização de situações de salários em atraso no futebol português e vai anunciar, na próxima semana, uma medida que, sem ainda revelar pormenores, descreve como uma «pedrada» na actual conjuntura.
O dirigente sindical abordou a questão no decorrer de uma visita ao Alverca, cujos jogadores estão sem receber salários desde o início do ano e, alguns deles, passam por situações sociais graves. «Não quero dramatizar o problema do Alverca. Neste momento nas competições profissionais (Superliga e II Liga) e não profissionais, a generalidade dos clubes têm dois meses de salários em atraso. Alguns são do conhecimento público, como são os casos do Chaves, Ovarense, Felgueiras e Maia. Há muitos clubes com quatro meses e, atraso e alguns ultrapassam os quatro meses. Isto não é novidade no futebol português, não é por acaso que se tentam reformular os quadros competitivos», destacou.
Joaquim Evangelista acusa as entidades competentes de ignorarem um problema que não pára de crescer e pede a intervenção do novo Governo nesta matéria. «O que continuamos a assistir é que as identidades competentes não conseguem arranjar uma solução para isto. Não há definição de parâmetros e não há fiscalização. Não vejo a Liga preocupada com este problema, a federação tem revelado algum interesse, vamos falar com eles para a semana, mas o próprio Governo tem que tomar uma posição de fundo, não pode continuar a haver este incumprimento salarial», acrescentou.
A este propósito o sindicato refere que tem uma solução que vai apresentar no decorrer da próxima semana que caracteriza como uma «pedrada» no futebol. «Não estamos à espera que os clubes consigam resolver o problema, vamos ser nós próprios a ter uma parte activa neste processo. Esta solução tem a ver com transferir o risco do salário para uma entidade diferente do clube. O fundo de solidariedade visa responder de imediato às situações mais graves, mas depois tem que haver uma solução. Ou através de uma acção judicial ou através de um acordo. O fundo visa apenas acautelar uma situação concreta. O que vamos propor na próxima semana é que poderá ter um alcance, em termos temporais, maior. Vai ser uma pedrada no futebol português no que diz respeito ao incumprimento salarial. Queremos que a liga, a federação e o Governo subscrevam esta proposta que vamos fazer. O sindicato não vai continuar a assistir a isto de forma impávida», referiu
O dirigente exige que os clubes sejam mais controlados a nível económico e financeiro e quer que sejam controlados por um órgão independente da Liga de Clubes. «Uma das soluções que apresentamos agora na campanha eleitoral é que é necessário definir parâmetros e fiscalizar esses parâmetros desportivos, económicos e financeiros. Não é por acaso que a UEFA já fez isso, há um licenciamento das provas da UEFA. Em Portugal isso tem que acontecer, mas não pode ser a Liga a fiscalizar os parâmetros que define. Nós propomos que seja, por exemplo, o Conselho Superior do Desporto, que haja um órgão autónomo que faça essa fiscalização», defendeu.