O Sindicato de Jogadores acredita em boa-fé na decisão de retomar apenas a I Liga e não a II Liga, mas partilha «a angústia e desânimo», e espera que as entidades competentes salvaguardem os direitos dos trabalhadores.

Em comunicado divulgado nesta sexta-feira, o organismo liderado por Joaquim Evangelista refere que «não pode deixar de comungar do sentimento de desilusão e preocupação que afeta todos os profissionais» do segundo escalão, ainda que acredite «na boa-fé de todos os intervenientes na defesa do futebol, nomeadamente do Governo, da Federação Portuguesa de Futebol e da Liga Portugal».

O Sindicato aceita a decisão no pressuposto de que a análise dos peritos médicos concluiu que «não é possível implementar, com a segurança exigida por todos, um novo plano de funcionamento para os dois escalões», mas «encara esta realidade com enorme preocupação, por saber que se irão, certamente, agravar os problemas já existentes em várias equipas da II Liga, acompanhados desde muito antes do início da crise provocada pelo Covid-19».

«Muito para além da proteção da sua saúde, querem soluções ao nível da proteção dos seus postos de trabalho, do pagamento dos seus salários, da proteção social e no desemprego. Este é momento de analisar friamente e chamar a assumir a responsabilidade as entidades que tutelam o futebol em Portugal. O Sindicato exige que assumam, em articulação com o Governo, que se a retoma não pode ser garantida, os direitos dos jogadores e trabalhadores destas sociedades desportivas têm de estar salvaguardados», acrescenta o comunicado.

O Sindicato refere ainda que «compreende e partilha da angústia e desânimo, mas deixa claro que não aceitará o aproveitamento desta situação e a instrumentalização da mesma por aqueles que têm permanecido em silêncio e nada têm feito sobre todos os problemas estruturais que afetam o futebol português».

«É demasiado fácil criticar agora e este não é tempo para lições de moral. O Sindicato acredita que Federação e Liga não tiveram alternativa possível, sabe bem do respeito que o presidente da Federação Portuguesa de Futebol tem demonstrado em diferentes momentos pelos jogadores e o contributo para melhorar o estado da sua profissão, assim como sabe que o presidente da Liga, apesar de todas as divergências que marcam as lutas de classe, tem a seu cargo a tarefa de gerir um ambiente de permanente hostilidade, onde cada clube se tem preocupado mais com o seu interesse individual do que com a indústria no seu todo», reitera a nota oficial.

Em suma, o Sindicato pede «união, sentido de responsabilidade e trabalho sério de todos os intervenientes», na perspetiva de que, sem isso, «não é esta época que fica afetada, são sobretudo os próximos anos».

«O futebol português, liderado pela Federação Portuguesa de Futebol, não poderá deixar de dar resposta aos jogadores e aos clubes profissionais, nomeadamente os mais carenciados, garantindo que os direitos adquiridos e irrenunciáveis, desde logo o direito ao salário, não sejam postos em causa», conclui o comunicado.