É impossível não olhar para as semelhanças.

Parecia condenado a ser segunda opção toda a época, mas o infortúnio de um companheiro lançou-o para a titularidade. Apareceu um pouco por acaso, sob várias desconfianças, até que minuto após minuto, jogo após jogo, afastou todas e cada uma delas. Ao ponto de um dia ninguém lhe questionar a titularidade.

Mas há mais, claro: há por exemplo a ligação à formação do Benfica, há uma juventude impressionável no bilhete de identidade e há a maturidade demasiado precoce no futebol.

Há também as ligações à seleção nacional: um era internacional esloveno, o outro é escolha habitual para a seleção olímpica do Brasil.

As semelhanças entre Jan Oblak e Ederson são tão grandes que ambos chegaram até à titularidade com o Benfica fora da liderança, tendo com eles na baliza saltado para o primeiro lugar: curiosamente, nos dois casos aconteceu em clássicos.

Com Oblak, após três jogos apenas, o Benfica venceu o FC Porto e saltou para o primeiro lugar, com Ederson, logo na estreia do brasileiro na Liga com a camisola encarnada, o Benfica triunfou em Alvalade e saltou também para a liderança.

Os trajetos de ambos, portanto, teimam em cruzar-se, o que ajuda a consolidar a narrativa: tal como Oblak, o brasileiro Ederson vai fortalecendo alicerces na baliza encarada.

O que fez esta noite em Munique foi de resto lapidar.

Entrou no jogo a sofrer um golo, o que podia ser traumático para um jovem de 22 anos, que joga pela primeira vez na imponente Arena de Munique. Mas Ederson não tremeu. Recompôs-se e até aos vinte minutos fez três defesas absolutamente fundamentais, que impediram o Bayern de embalar para uma vitória gorda.

Mais tarde ainda negou o golo da Thomas Muller e a Ribery.

Feitas as contas, não há muitas dúvidas que Ederson foi o melhor em campo, ou pelo menos foi o mais determinante para o resultado final.

Uma exibição cheia, que permitiu ao jovem brasileiro manter um registo francamente positivo: em nove jogos na equipa principal sofreu cinco golos, o que dá uma média de 0,55 golos. Bastante acima dos 0,85 golos por jogo que o Benfica sofria antes dele.

Se calhar é por isso que ninguém se lembra de Júlio César.

PS.  É impossível falar de Oblak e Ederson sem referir outra ponto comum: ambos foram (ou são) treinados por Hugo Oliveira. Um treinador de guarda-redes que apresenta trabalho de mérito no lançamento de jovens guarda-redes. Já tinha sido ele a lançar um miúdo chamado Beto, por exemplo.