Uma conclusão fácil e óbvia: o Sporting ganhou o dérbi com toda a justiça.

É a segunda vez que os leões são melhores e vencem o rival esta época, embora na Supertaça a diferença não tivesse sido tão grande como neste domingo.

O Sporting soube resistir a dez minutos (?) mais intensos do Benfica sem sofrer golos, e depois viu recompensado todo o trabalho de Jorge Jesus nos laboratórios de Alcochete: melhor posicionada, mais bem organizada e também mais intensa, a equipa chegou quase sempre primeiro à bola e ganhou a maior parte dos duelos individuais. 

Mérito óbvio para o seu treinador, que voltou a mostrar o peso que tem no futebol português e a real influência que consegue ter numa equipa, tenha esta ou não uma fantástica estrutura. Uma palavra que talvez se tenha repetido vezes a mais durante o defeso.

Hoje, saiu vitoriosa a ideia de que Jesus valia mais que a tal estrutura, afinal.

Depois, os leões souberam aproveitar alguma felicidade - que começou na defesa de Júlio César para os pés de Teo - e os erros de transição defensiva dos encarnados, com o mau posicionamento de Luisão e Jardel no golo de Slimani e depois na fragilidade na reação, devido novamente à má colocação do último setor, perante a defesa incompleta do guarda-brasileiro para a recarga de Ruiz.

Os golos foram acabando com quaisquer dúvidas que ainda houvesse do lado dos verde e brancos, consolidando a solidez das ideias lançadas para o encontro pelos visitantes.

No segundo tempo, o Sporting conseguiu fazer algo que raramente é atribuído às equipas de Jesus. Saber gerir o jogo. Fê-lo muito bem.

Claro que muito contribuiu para isso a presença de João Mário, novamente um dos melhores em campo, mesmo a jogar mais sobre a direita. Aliás, Jesus soube com o médio tirar mais uma vez superioridade perante um médio-campo que está longe de ter o maior discernimento na condução e no controlo da bola, recuperando-a com facilidade e conseguindo mantê-la longe do alcance dos adversários.

Jesus preparou melhor o dérbi, parece.

Também ajudado por um Benfica perdido, sem saber o que fazer, os leões sentiram-se confortáveis com a bola, roubando-a de um adversário que precisava de um golo para voltar rapidamente ao jogo. Não o teve, e apenas se aproximou da baliza de Rui Patrício nos minutos finais. 

O triunfo, ou melhor o grande triunfo do Sporting, conquistado única e exclusivamente em campo, fortalece obviamente a candidatura ao título e cria ainda mais dúvidas nos rivais.

Apesar do muito campeonato que falta.

P.S. Jesus foi cordial durante todo o jogo até chegar à sala de imprensa. Já todos tinham ficado convencidos com o que se tinha passado dentro de campo. O «era fácil pôr Rui Vitória deste tamanho, mas não ponho» era evitável, mesmo que depois se tenha contido «por respeito». 

LUÍS MATEUS é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no TWITTER. Além do espaço «Sobe e Desce», é ainda responsável pelas crónicas «Era Capaz de Viver na Bombonera» e «Não crucifiquem mais o Barbosa» e pela rubrica «Anatomia de um Jogo».