O FC Porto é o justo campeão nacional de 2017/18.

Sérgio Conceição é também a figura maior do título e, justamente, o treinador mais influente na época que caminha a passos largos para o final.

Entre todos, era o que o tinha a tarefa mais difícil: um plantel curto, reconstruído com excedentários (de qualidade), zero euros para contratar e uma longa temporada com várias frentes. Contra si pairava a dúvida natural de quatro épocas sem sucesso e também de um currículo ainda com várias alíneas por preencher. 

Assim que reentrou no Dragão assumiu a primeira missão. Era preciso recuperar os jogadores, voltar a acreditar nos mesmos, e foi esse o seu primeiro feito. O patinho feio Marega é o maior exemplo, mas Herrera, Sérgio Oliveira e Aboubakar, pelo menos, voltaram a ter novamente quem acreditasse e os fizesse novamente acreditar no seu próprio valor. Os resultados fizeram o resto.

O FC Porto de Conceição cedo mostrou ao que vinha, e com o tempo percebeu-se que, diluído o efeito da injecção de adrenalina que era a entrada do novo treinador, havia por detrás uma ideia mais complexa e elaborada, capaz de evoluir com o tempo e com as próprias dificuldades: o posicionamento de Herrera na primeira zona de pressão e o desvio de Marega para a direita lembram-nos isso mesmo.

Se os dragões embalaram a partir do primeiro dia, foi preciso depois recuperar ritmo depois de um ou outro tropeção – o Besiktas no Dragão, a primeira parte de Leipzig, o empate inesperado na Vila das Aves, a goleada sofrida com o Liverpool, a eliminação na Taça da Liga, depois as derrotas de Paços e Restelo e o afastamento da final da Taça de Portugal –, mas terá sido ainda mais importante resistir às lesões de Danilo e Marega, e às ausências normais aqui e ali de jogadores nucleares, como Marcano ou até do futebolista com mais assistências da Liga, o brasileiro Alex Telles.

Mais ou menos esticado e espremido, o  FC Porto de Conceição foi sempre fiel a uma ideia: um futebol direto e vertiginoso, poderoso, demolidor, capaz de ganhar a bola cedo e provocar o erro dos rivais, massacrando-o sem parar. Caiu na Europa perante o finalista Liverpool, nas Taças nos penáltis frente ao Sporting, mas na Liga, o seu objetivo principal, conseguiu mesmo o primeiro prémio.

É verdade que muitos vão olhar para a caminhada azul e branca e lembrar o clássico com o Benfica, e esse momento em que o FC Porto esteve a jeito de ser ultrapassado com efeitos dramáticos na tabela, mas mesmo aí, nessa altura crítica, Sérgio Conceição não vacilou: só havia uma maneira, e era a sua. Com essa força de carácter, mereceu ser feliz.

O título tornou-se uma inevitabilidade. Com o erro histórico de desinvestimento protagonizado pelo tetracampeão Benfica, com os tiros nos pés que foram sendo dados em Alvalade, o FC Porto disparou para a meta, atirou-se primeiro do que os rivais, sem olhar mais para trás. Sérgio Conceição sempre soube que era ele que ia chegar na frente.