O Sp. Braga é líder do campeonato.

Seis anos e seis meses depois da última vez, a formação bracarense regressa ao topo da classificação com todo o mérito e sem nenhuma companhia.

Fá-lo por uma razão muito simples: porque tem sido até agora a equipa mais competente da Liga. Nove jogos, seis vitórias, três empates, zero derrotas são disso mesmo talvez a prova mais evidente.

Mas há mais, claro.

O Sp. Braga tem um futebol maduro, solidário e paciente. Não é um rolo compressor, nem essa capacidade está no código genético da equipa.

É antes de mais um futebol seguro, determinado, firme. Que parte de uma boa ocupação dos espaços para se expandir por outros bons princípios: solidariedade na reação à perda, paciência na construção, velocidade no último terço do campo, capacidade de colocar dois ou três jogadores em situação de finalização.

Em tudo isto, claro, há mão de Abel Ferreira.

É óbvio que se trata de um treinador que gosta de ter tudo sob controlo.

Todos os movimentos da equipa parecem trabalhados em casa, em ensaios repetidos uma, outra, outra e outra vez: as triangulações para sair pelos corredores, a troca de bolas paciente até encontrar o momento certo para fazer a transição, a dinâmica dos dois homens da frente, a forma como são batidas as bolas paradas. Há ali muito treino, muitas horas de trabalho.

Ora como o Sp. Braga foi afastado prematuramente das competições europeias, vai ter ainda mais tempo para se ocupar a corrigir o que está mal e aperfeiçoar o que está bem.

Enquanto Sporting, Benfica e FC Porto terão de se preocupar com viagens, conferências de imprensa, jogos, mais viagens e recuperação física, Abel terá uma semana inteira para preparar o próximo jogo. O que pode tornar esta equipa num caso sério.

Para já é demasiado cedo para ter certezas absolutas. Mas há uma coisa que para já ninguém pode negar a este Sp. Braga: o direito de sonhar.