O Arouca, obviamente, fez história. Não ficará abaixo de sexto da Liga, o que será um registo fantástico, e garantiu pela primeira vez a presença numa competição europeia, no caso a Liga Europa.

Há oito anos estava na III divisão nacional.

No ano passado, sofreu para garantir a permanência.

A grande diferença, e olhando a esta distância, é Lito Vidigal, o treinador dos «bons trabalhos» no União de Leiria e Belenenses. Uniu à sua volta uma equipa sem grandes estrelas, algumas caras novas por cá, mas com qualidade, e atingiu um objetivo que não existia no início da temporada e que nasceu da sequência de resultados.

O Arouca, tal como foi o Belenenses enquanto lá esteve, é uma equipa de treinador.

Consciente das suas limitações, veloz nas saídas, coesa e solidária. Uma equipa com ideias bem consolidadas, as ideias de Lito.

Depois, houve jogadores que marcam pelo que acrescentaram, como um gigante Bracali na baliza, que substituiu um bom Goicoechea, um lateral muito perigoso nas bolas paradas como Lucas Lima, um central a marcar pontos como Hugo Basto, nomes experientes como David Simão, Nuno Coelho e Mateus, e irreverentes como Ivo Rodrigues e Zequinha, entre outros.

Haverá no próximo ano questões tão simples como as acessibilidades para a vila, e a competitividade perante equipas muito mais experientes e poderosas, mas isso fica para depois. Para já, só entram aqui elogios.

Lito tem ainda, também, espaço para crescer. Nota-se que domina tudo o que está da porta do balneário para dentro, faltar-lhe-á evoluir daí para fora. Na imagem, na comunicação, até por vezes na postura em algumas situações um pouco mais exigentes ou stressantes. Isso virá com o tempo.

Até pode vir num clube com outras ambições.

A competência, já o tinha escrito antes noutras circunstâncias, não há dúvidas que está lá. E, sobretudo por isso, pode aspirar, como diz, a «coisas maiores». 

LUÍS MATEUS é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no TWITTER. Além do espaço «Sobe e Desce», é ainda responsável pelas crónicas «Era Capaz de Viver na Bombonera» e «Não crucifiquem mais o Barbosa» e pela rubrica «Anatomia de um Jogo».