Quatro equipas ainda na Europa. É bom.

Nas campanhas, que entram agora em nova fase, em jogos a eliminar, o destaque maior, pela positiva, vai obviamente para o  Sporting de Braga .

Os minhotos, num grupo com um Marselha de qualidade obviamente superior, apesar de longe do seu melhor sobretudo a nível psicológico, terminou em primeiro. Foi à luta, e dividiu os pontos com o  OM , e foi melhor que os franceses perante os outros dois rivais de estatuto ligeiramente inferior. Está de parabéns!

Na verdade, a equipa de Paulo Fonseca – que, sem a pressão  asfixiante  de estar num grande como o FC Porto, parece ter voltado a tudo de bom que já tinha demonstrado não só no plano tático, mas também na comunicação com a imprensa (prejudicou-o e muito no Dragão) – transportou para o plano europeu a consistência que tem demonstrado a nível interno. Mesmo que a derrota frente a Benfica e Moreirense possam ter criado algumas dúvidas, os arsenalistas já fizeram o suficiente para não se mostrarem muito preocupados com o futuro.


Benfica , com um antigo  vice  europeu, o campeão e maior clube turco e o mais humilde Astana, que, mesmo assim fez a vida negra aos visitantes no Cazaquistão, deixou-se ultrapassar no primeiro lugar apenas na última jornada da Liga dos Campeões. Qualificou-se e, se bem que o provável embate com um dos gigantes continentais e as fragilidades demonstradas em alguns jogos não deixem Rui Vitória e os seus tão descansados quanto dizem, isso é já é triunfo assinalável, se comparado com a história recente dos encarnados na competição.

Não será ainda caso para falar de dimensão europeia devolvida ao emblema, como reclamou depois de Madrid Luís Filipe Vieira, porque será determinado pela presença assídua nos oitavos e até em fases mais adiantadas nas provas. Ou por um percurso mais longo já esta época, o que o estatuto de não cabeça de série poderá ter ajudado a comprometer  a priori .

Pelo caminho, paralelo ao feito no campeonato, Rui Vitória redescobriu Pizzi e investiu forte em Renato Sanches (aparentemente no momento certo), o que, com o aproximar dos regressos de Salvio e Nélson Semedo e de alguns eventuais acertos no mercado, poderá deixar o emblema da Luz fortalecido para os desafios que se avizinham.


Apesar de ser cedo para grandes conclusões, a verdade é que o novo menino-bonito da Luz apresenta características diferentes dos colegas de posição e é de elogiar a forma como entrou na equipa. É cedo sim, mas os primeiros passos, até na preparação que certamente foi feita para fossem dados com segurança, tiveram impacto nos encarnados.

Já o  Sporting , que, recorde-se, falhou no  play-off  da Champions, teve de lutar até ao fim pela qualificação, que conseguiu com mérito, mas que, face ao nível dos adversários, era mais do que exigido. Precisou de meia-hora a um ritmo mais elevado, de indecisões do guarda-redes rival, de um ou outro falhanço dos turcos no ataque, mas, sim, nunca desistiu e conseguiu continuar em prova. Jorge Jesus também conseguiu gerir nos primeiros jogos, dar minutos aos miúdos e mostrar que não se esquece de gerir os recursos que lhe dão para a mão, este ano ainda mais escassos que em anos anteriores.

Com a qualificação, também o moral continuará elevado para o principal objectivo: a Liga, como o treinador não se cansa de dizer. Falhou o estatuto de cabeça de série no sorteio de segunda-feira, peca por isso.


Belenenses  também tem de estar neste  sobe , apesar de eliminado. Boa campanha. O nulo com o Lech Poznan no Restelo talvez tenha sido o seu ponto mais baixo - mais do que as derrotas com a Fiorentina candidata em Itália ou, no Restelo, com o eterno campeão Basileia -  mas a vitória na Suíça, perante uma equipa que tem andado com frequência até na Liga dos Campeões, e o empate na Polónia levaram os homens de Sá Pinto até à última ronda com esperança da qualificação. Face a um ou outro lance desperdiçado, não creio que o sucesso desse último fôlego fosse assim tão improvável. 

O grande desafio do Belenenses será agora estabilizar no campeonato, onde, apesar de relativamente tranquilo, tem sofrido algumas derrotas  anormais .

LUÍS MATEUS é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no TWITTER. Além do espaço «Sobe e Desce», é ainda responsável pelas crónicas «Era Capaz de Viver na Bombonera» e «Não crucifiquem mais o Barbosa» e pela rubrica «Anatomia de um Jogo».