Há um antes e um depois de Jesus.

Pode parecer uma metáfora vulgar, e é verdade que o é, mas neste caso é também a mais pura das verdades. Há um antes e um depois de Jorge Jesus no Benfica.

Antes de Jorge Jesus, o Benfica também fazia grandes contratações e tinha excelentes jogadores. Tinha por exemplo Cardozo, Pablo Aimar, David Suazo, Miccoli ou Di Maria. Mas a verdade é que não ganhava. Foi uma vez campeão em quinze anos e aconteceu por falta de comparência.

Veio Jorge Jesus e com ele tudo mudou. O Benfica foi campeão seis vezes em onze anos, sendo que três desses títulos aconteceram com Jesus e os outros três aconteceram a partir da herança que ele deixou no clube. Desde então o Benfica nunca mais foi o mesmo.

No entanto, as sementes que o português deixou, secaram na terra: e no fim de uma época dececionante, Luís Filipe Vieira decidiu recuperar o treinador que mudou o clube.

Nesta altura não faltou quem recordasse as críticas feitas ao treinador, as acusações de não servir ao Benfica, o processo que lhe foi movido na justiça, as denúncias de roubar conhecimento e programas informáticos, enfim, um quadro completo de queixas, incriminações e disparates.

Ora por isso, o que fica deste regresso de Jorge Jesus?

Fica que Luís Filipe Vieira teve de engolir um sapo (ou dois, ou três), teve que dar um nó no orgulho e teve que assumir que errou. E isso também é um sinal de inteligência.

Era provavelmente mais fácil ir buscar outro treinador, mas essa opção não lhe garantia a criação de uma base tão vitoriosa como Jorge Jesus garante.

Afinal de contas estamos a falar daquele que é provavelmente o melhor treinador português da atualidade: e contratar o melhor treinador português da atualidade nunca será uma má notícia.