Segunda-feira foi um bom dia para o campeonato.

Não foi, seguramente, um bom dia para os adeptos do Benfica, mas visto de cima, com uma perspetiva integral do futebol português, foi sem dúvida um dia feliz.

Basicamente o Boavista mostrou ao país que o desequilíbrio teórico que existe não é irreversível: nem a temporada doméstica vai ser um passeio de domingo para o Benfica.

É certo que a equipa encarnada é um caso à parte em Portugal. Tem nesta altura um poder financeiro, corporativo e desportivo sem paralelo na Liga Portuguesa.

No entanto, e apesar disso, não é indomável. O Boavista mostrou que não é indomável.

A formação axadrezada entrou em campo com uma ideia bem definida: queria tirar o Benfica da sua zona de conforto e arrastá-lo para o espaço em que lhe era menos conveniente.

Por isso encheu o campo de pressão, agressividade e agitação. O jogo tornou-se uma guerra e o Benfica foi obrigado a lutar mais do que jogava futebol: preocupou-se em ganhar as segundas bolas, em recuperar a posse, em ser rápido nas transições para fugir às marcações.

Ora esse era precisamente o jogo que dava jeito ao Boavista, uma equipa intensa, fisicamente forte e dura. Juntando isso à excelência individual, numa noite em que os jogadores estiveram sempre concentrados e diligentes, a formação axadrezada conquistou uma vitória que lhe fica bem.

É verdade que os números foram provavelmente exagerados. Mas isso é um pormenor, que sublinha apenas o essencial: o Benfica também cai com estrondo.

Vamos ter campeonato, portanto.