A chamada de Dyego Sousa à Seleção Nacional foi, antes de mais, uma agradável surpresa. Faz todo o sentido ter o avançado do Sp. Braga no grupo de elite nacional.

O processo de naturalização de Dyego Sousa foi, de resto, completamente diferente do que aconteceu, por exemplo, com Liedson.

Esse sim, um caso que embaraça Portugal: um jogador estrangeiro naturalizado à pressa para ajudar a Seleção numa fase crítica do apuramento para o Mundial 2010.

Dyego Sousa, por outro lado, foi um processo natural.

Trata-se de um cidadão que está em Portugal há mais de dez anos, que casou com uma portuguesa, que tem uma filha portuguesa, que quer ficar em Portugal após o fim da carreira e que desejou adquirir, também ele, a nacionalidade portuguesa. Fê-lo em 2016, sem pressas, sem pressões externas e sem uma ridícula capa de «urgência nacional».

A partir daí é tão português como qualquer outro cidadão.

Por isso, e porque desportivamente tem talento para estar entre os melhores, foi naturalmente que chegou ao grupo de elite, preparando-se para representar o país ao mais alto nível.

Basta lembrar que não há outro português, no nosso campeonato, com tantos golos esta época.

É claro que não faltará quem diga que nasceu em solo brasileiro, que continua a ser brasileiro e que fala com sotaque brasileiro. Tudo isso tem tanto de verdade quanto de irrelevante.

Dyego Sousa é um cidadão português com os mesmos direitos de qualquer cidadão português. Não podemos ter uma visão cosmopolita para o mundo e xenófoba para o país. Aliás, nem xenófoba é, porque a pessoa em causa já não é estrangeira: trata-se de chauvinismo e ultranacionalismo.

Portanto se nos orgulhamos de ser uma nação cosmopolita e universalista, convém que o sejamos também no futebol.

Dyego Sousa, repito, faz todo o sentido.