O FC Porto respondeu com nota bem positiva ao exame da Madeira. Num estádio tradicionalmente difícil, com reflexo em deslocações recentes, os dragões mostraram finalmente a ideia que Nuno Espírito Santo tanto repete, e estiveram o mais perto até aqui da consistência reclamada.

O treinador perdeu nas horas que antecederam o embate Jesús Corona e, sobretudo, Adrián López, o que, em teoria, faria com que abdicasse do 4x4x2 ou voltasse a apostar em Depoitre enquanto companheiro de André Silva na frente de ataque. No entanto, Nuno fugiu à lógica que transpirava das decisões mais frequentes e escreveu pela primeira vez o nome de Diogo Jota no 11 inicial, insistindo no novo esquema, aquele que parece decidido a fazer enraizar no Dragão. O jovem avançado ex-Paços de Ferreira surgiu em grande estilo, assinou um hat-trick e ainda uma assistência numa goleada retumbante e que até podia ter sido mais expressiva.

No meio-campo, à frente de Danilo, estiveram Herrera, Óliver Torres e Otávio, da direita para a esquerda como ponto de partida, mas com liberdade para construir e, sobretudo, armar a velocidade de André Silva e Diogo Jota. Também os laterais - mais fácil com Layún e Alex Telles, reconheça-se - os tiveram com alvo, queimando etapas na construção. O mexicano entrou para o lugar de André André, acrescentou mais bola ao lado portista e um pouco mais de presença na zona de decisão, com o passe de isolou Jota para o 1-0.

Durante grande parte da primeira parte, a ideia portista foi criar instabilidade na defesa alvinegra com lançamentos constantes para as costas da defesa insular, aproveitando a enorme mobilidade das duas unidades mais adiantadas. Perante um Nacional que apenas reagia a espaços, a equipa de Nuno Espírito Santo entrou cedo a pressionar alto e a reagir rapidamente à perda, sempre com grande dinâmica e mobilidade. O 0-1 ajudou a consolidar processos, e o resultado foi crescendo naturalmente, podendo inclusive assumir números bem mais pesados para os madeirenses.

Este jovem FC Porto foi finalmente dominador de uma ponta à outra da partida. No encontro em que menos precisou de Otávio, talvez a sua maior figura até aqui, mostrou a sua melhor face.  

O Benfica mantém-se líder, fruto de uma goleada ao Feirense, agora mais distanciado dos segundos, uma vez que o FC Porto apanhou o Sporting.

Apesar do resultado expressivo, os encarnados continuam longe das grandes exibições e a não conseguir camuflar um ou outro problema, sobretudo na fase de construção. Tal facto não é alheio à lesão de André Horta, com Pizzi, que já foi um pouco de tudo esta época, a ser obrigado a estar no meio, e mais do que tudo à ausência prolongada de Jonas.

O primeiro mini-objetivo terá sido cumprido: chegar à paragem em primeiro. Agora, terá três semanas para recuperar os jogadores em falta.

Jornada fantástica em Inglaterra, com um grande e frenético Tottenham a bater o Manchester City de Pep Guardiola no White Hart Lane, e Arsenal e Liverpool a crescerem de ambição. Jürgen Klopp terá certamente pensado já, a dada altura, que se não fosse a derrota em Burnley seria líder isolado da Premier League. Está ao rubro!

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LUÍS MATEUS é o Diretor do MAISFUTEBOL e pode segui-lo no TWITTER. Além do espaço «Sobe e Desce», é ainda responsável pelas crónicas «Era Capaz de Viver na Bombonera» e «Não crucifiquem mais o Barbosa» e pela rubrica «Anatomia de um Jogo».