A Seleção Nacional vai enfrentar nos próximos anos o desafio mais difícil das últimas décadas: preparar o pós-Ronaldo.

O país tem nesta altura a perfeita noção que Cristiano não será eterno. Tem 35 anos e terá na melhor das hipóteses mais duas ou três épocas de futebol.

Depois disso promete deixar um imenso vazio, como sempre ficaria quando acaba um jogador tão marcante na história como ele é.

Ora por isso, ao renovar contrato com Fernando Santos, garantindo que o treinador fica pelo menos mais quatro anos, a Federação reconheceu que este é o homem certo para preparar a Seleção para o pós-Ronaldo. Este será, enfim, o homem certo para construir uma nova Seleção Nacional.

Faz todo o sentido.

Fernando Santos soma nesta altura dez anos de trabalho em equipas nacionais e seis anos de trabalho na seleção portuguesa. Conhece como poucos as especificidades do trabalho numa federação e conhece, provavelmente como mais ninguém, os recantos mais secretos da Seleção.

Ele, melhor do que ninguém, saberá o que a ausência de Ronaldo vai significar e como se pode preencher esse vazio.

A partir daí terá tempo e tranquilidade para trabalhar uma nova solução, ou até várias novas soluções, se isso for necessário. O futuro de Fernando Santos na Federação, ficamos a sabê-lo hoje, não depende dos resultados no Euro 2020 ou no Mundial 2022.

A Federação reconhece que Fernando Santos é o homem certo no lugar certo e dá estabilidade à equipa nacional, o que é sempre um bom princípio para construir qualquer coisa.

Até mesmo a sucessão de Ronaldo.

Mas há mais: há por exemplo tempo, tranquilidade e sequência, numa forma de preparar o futuro em cima do passado, e do que de bom fica após o fim de uma era. Por muito que procure, parece-me difícil não ver aqui um excelente ato de gestão.