Gosto muito de Klopp, da forma como vive o jogo, no banco – onde nunca está – e na sala de imprensa. Do sentido de humor muito particular. Sobretudo, gosto muito do futebol das suas equipas, aquela intensidade rock n’roll, quase metaleira, e a vertigem no assédio à baliza adversária.

Tenho o maior respeito pela história do Liverpool e por aquele ambiente fantástico de Anfield e a efervescência da Kopp, e há muito que acho que Inglaterra só teria a ganhar com o acordar definitivo do gigante. Um acordar que lhe permita lutar de forma permanente com as outras grandes equipas da Premiership. Por esse lado, pode ser que seja esta a mãe de muitas vitórias.

É igualmente fácil gostar deste Borussia Dortmund, pela forma como os adeptos o sentem e pela postura com que também se apresenta ao jogo. É, tal como o rival desta noite, um clube especial.

Também me impressiona o futebol de Thomas Tuchel, que soube talvez intensificar o que Klopp já fazia bem, recuperando a equipa depois de um ano para esquecer.

Não havia, antes do pontapé de saída, melhor jogo para mim. Dificilmente haverá melhor depois do fim.

0-2 para os alemães em poucos minutos, a ténue reacção dos ingleses e mais desperdício por parte dos visitantes até ao intervalo. Depois, Origi para o 1-2 e alguma esperança, mas o 1-3 a chegar, ameaçando matar o encontro outra vez.

Só que com Klopp nunca acaba. 2-3, 3-3 e, no último minuto, 4-3 e apuramento.

Duas vezes esteve morto e voltou para acabar com a própria criação. Com uma equipa que não é bem a sua, e não o compreende na totalidade, a eliminar aquela que tem ainda muito de si.

Foi um hino ao futebol, sim, e a prova, como se ainda fosse necessária, de que é um treinador muito especial. Tal como os clubes no tapete, e o treinador rival – a quem deixou depois do 3-3 a pensar no destino –, mas ainda mais especial.

Devemos sentir-nos felizes pelos tempos que aí vêm, com Guardiola, Conte, Klopp e talvez Mourinho a engrandecer ainda mais a já maior liga do planeta.

Se alguém é capaz de dar vida ao Liver Bird é ele.

Um Benfica no limite, o Sp. Braga ainda curto

Não tenho dúvidas: o Bayern foi melhor equipa e mereceu passar às meias-finais da Liga dos Campeões.

O Benfica lutou, chegou a acreditar e teve momentos em que conseguiu assustar a equipa de Pep Guardiola. Não esteve perto de eliminá-la, mas nem por isso tem de ficar muito tempo a lamber as feridas.

Os encarnados saem, obviamente, de cabeça erguida da competição, sobretudo se olharmos para as expetativas criadas pelo início tremido de temporada e pela réplica que conseguiram dar a um dos favoritos à vitória final. Conseguiram-no com uma equipa jovem, e que tem obviamente margem de progressão.

Nomes como Ederson, Lindelof, Renato Sanches e também um pouco Gonçalo Guedes, por este último jogo e pela exibição frente ao Atletico Madrid, mostraram-se à Europa. Se a convenceram ou não, é outra questão, à qual só teremos resposta nas próximas temporadas. Foi, acho, um bom ponto de partida.

Rui Vitória ganhou a aposta europeia, mostrando também ele evolução, e agora tem uma grande batalha na Liga até ao final.

Já o Sp. Braga teve também uma boa campanha na Liga Europa. É verdade que as duas derrotas e a grande superioridade do Shakhtar diluem um pouco o que foi conseguido até aqui, mas já se esperavam dificuldades perante uma equipa muito matreira, sobretudo nas transições ofensivas.

Tudo somado, duas prestações bem positivas, que ajudaram muito Portugal a garantir em definitivo o quinto lugar do ranking da UEFA, importante para a época 2017/18.

Ronaldo, Atletico Madrid e um Manchester City a elevar a fasquia

Sozinho, Ronaldo eliminou o Wolfsburgo!

Claro que não jogou sozinho, mas Cristiano Ronaldo foi fundamental para conseguir a tão desejada remontada ao Real Madrid ao marcar os três golos necessários.

Numa época em que já ouviu críticas, e até esteve uns furos abaixo do normal em alguns encontros, o capitão da Seleção Nacional voltou a mostrar que não há mais ninguém como ele no Bernabéu, digam o que disserem. E mesmo com os milhões gastos em Bale, por exemplo, não há sucessor à vista.

O Atletico Madrid, por sua vez, eliminou o super-Barça, grande favorito a ganhar a Liga dos Campeões, com a melhor linha avançada de sempre. Muito trabalho, concentração, futebol nos limites e um Griezmann fantástico, destroçaram todo o talento adversário com apenas 23 por cento de posse de bola. Terá provado aos fundamentalistas que mais importante do que tê-la mais tempo é decidir bem enquanto a têm?

Já o Manchester City chegou onde não tinha chegado, e numa má época a nível interno. Terá agora o seu maior teste nas meias-finais. Será que as individualidades chegarão para eliminar a melhor equipa (Atletico), uma filosofia bem delineada e com enorme potencial ofensivo (Bayern) ou o grupo carregado às costas pelo melhor do mundo em competição (Real Madrid)?

Veremos.

Afinal, havia mais nesta Champions do que o que se esperava.

LUÍS MATEUS é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no TWITTER. Além do espaço «Sobe e Desce», é ainda responsável pelas crónicas «Era Capaz de Viver na Bombonera» e «Não crucifiquem mais o Barbosa» e pela rubrica «Anatomia de um Jogo».