Cinco-golos-cinco de Cristiano Ronaldo é algo de novo, mas nem por isso deixa de ser um dia normal no escritório para o português, que, depois de umas semanas de menor fulgor – reconhecidas pelo próprio treinador Carlo Ancelotti –, mostrou que ainda não está farto da eterna discussão a que se dedicou há vários anos.

Aquela que mete sempre uma pulga irritante depois de um travessão, e de quem vamos falar apenas en passant para não diluir mais uma grande exibição de – sim, podemos dizê-lo sem pudor – um dos melhores de sempre. Uma verdadeira máquina infernal.

A manita de golos recupera o terreno perdido nas últimas semanas para Messi, mas sobretudo, pouco tempo depois de Ronaldo ter festejado os 30 anos, sublinha a ideia de que se há jogador – aqui sim mais do que todos os outros – capaz de manter o seu rendimento num plano horizontal, evitando qualquer curva descendente provocada pela idade, esse alguém é o 7 merengue. Pode já não correr da mesma forma, driblar com o mesmo encanto, mas descobrirá certamente no seu laboratório particular um elixir qualquer para prolongar o impacto no futebol mundial.

Depois, por cá, houve Jonas, que nos deu mais uns argumentos numa outra discussão muito nossa. Será o brasileiro ou Jackson, prejudicado pela lesão que o tem afastado dos relvados, o melhor jogador da Liga 2014/15?

Não é possível tirar conclusões, obviamente. Não antes de um Benfica-FC Porto e com alguns momentos ainda intensos no que falta disputar do presente campeonato. No entanto, olhando para o impacto que o ex-Valencia teve no Benfica e no futebol da equipa de Jorge Jesus, seria injusto não dizer que será uma corrida a dois e bem apertada até final.

Jonas dá mais pinceladas de classe a uma equipa que vive e muito da consistência e irreverência das alas e dos equilíbrios e reequilíbrios que partem de Samaris e Pizzi (claramente, a melhor solução entre as tentadas depois da saída de Enzo Pérez).

Gaitán voltou, e notou-se. Na Luz, nota-se ainda mais. Se este Benfica ainda está longe de encontrar o tom certo fora da Luz, no seu estádio tem acertado os tempos certos para a sua sinfonia ofensiva, aparentemente cada vez mais afinada. O grande desafio para os encarnados até final da temporada será, além de afastar o rival no clássico no óbvio jogo do título  , fazer subir a sua intensidade sempre que não está em sua casa.

Num fim de semana em que provavelmente muitas jogadas passaram despercebidas devido às mini-férias pascais, dois ou três fenómenos acabaram por provocar manifestações de espanto um pouco por todo o mundo. As defesas monumentais de Begovic (Stoke), Howard (Everton) e Neuer (Bayern) nos respetivos encontros, e o espantoso chapéu do escocês Charlie Adam (mais um) a Courtois deixaram-nos a gostar um bocadinho mais ainda de futebol.   

Luís Mateus é subdiretor do Maisfutebol e pode segui-lo no  TWITTER.