O golo de Felipe no último instante do prolongamento evitou a justiça poética que seria uma final resolvida no Jamor por Bas Dost: um ano depois de entrar em campo com uma ferida na cabeça e outra na alma, o holandês dava o troco em forma de golo da vitória.

Não houve justiça poética, portanto, mas houve justiça.

Houve sobretudo uma justiça feliz. O que também é poético. Um ano depois de mergulhar no lado mais negro da vida, o Sporting cobre-se com as cores do arco-íris.

Pelo caminho trocou as lágrimas de dor e amargura pelas lágrimas de felicidade.

Ora tudo isto, em pouco mais de um ano, também tem qualquer coisa de poético, lá está, mas é uma poesia afortunada: acima de tudo o Sporting teve sorte, num jogo em que foi pior, em que sofreu, em que teve bolas nos postes, em que cometeu vários erros.

A forma, aliás, como abdicou de jogar após o golo de Bas Dost, limitando-se a defender em cima da linha de grande área e a despejar bolas para a frente, foi um erro tremendo.

Por isso regressa-se ao título para dizer que o Sporting foi feliz: sobretudo feliz. Depois do que passou há um ano, se calhar merecia sê-lo.