Francisco Teixeira da Mota, advogado de Rui Pinto, disse esperar que a juíza de instrução criminal Cláudia Pina reduza o número de crimes pelos quais o criador do Football Leaks está acusado pelo Ministério Público (MP).

Teixeira da Mota explicou aos jornalistas, à entrada do Tribunal de Instrução Criminal (TIC) de Lisboa, antes do início da fase instrutória, que visa decidir se o processo segue e em que moldes para julgamento, que apenas requereu a abertura de instrução com o objetivo de reduzir os 147 crimes de acesso ilegítimo, violação de correspondência, sabotagem informática e tentativa de extorsão de que o seu constituinte está acusado.

O advogado referiu que Rui Pinto não pediu para falar nesta fase, mas que “falará quando tiver de falar”, acrescentando esperar que a juíza de instrução criminal faça o “enquadramento legal” dos factos que constam da acusação do MP.

Para Teixeira da Mota, não está em causa o seu cliente não ir a julgamento, mas antes corrigir “aspetos legais”, como a duplicação de crimes.

O advogado disse ainda que Rui Pinto é “uma pessoa com força” e que já foi notificado da extração de certidões para que a justiça portuguesa prossiga novas investigações sobre a atuação do seu constituinte.

Aníbal Pinto, advogado à data dos factos de Rui Pinto e o segundo arguido no processo, por envolvimento na alegada tentativa de extorsão ao fundo de investimento Doyen, afirmou aos jornalistas que espera provar “a verdade” e a sua “inocência”.

“Toda a minha atividade foi na qualidade de advogado e tudo o que fiz foi curar dos interesses dos clientes, sempre dentro da legalidade”, sublinhou Aníbal Pinto, à entrada do TIC de Lisboa.

A instrução foi requerida pela defesa dos dois arguidos no processo: Rui Pinto e o seu advogado, à data dos factos, Aníbal Pinto.

Da parte da manhã está previsto o interrogatório a Aníbal Pinto, que, no requerimento de abertura de instrução, pediu para ser ouvido pela JIC Cláudia Pina.

O interrogatório será à porta fechada, mas o debate instrutório, que se seguirá e no qual o Ministério Público e a defesa dos arguidos vão expor os fundamentos para levar ou não os arguidos a julgamento, e a leitura da decisão instrutória serão públicos.

A tentativa de extorsão diz respeito à Doyen (de entre 500 mil e um milhão de euros), levada a cabo por Rui Pinto, em outubro de 2015, com a intermediação do advogado Aníbal Pinto, com a contrapartida de o criador do Football Leaks não revelar documentos confidenciais deste fundo de investimento.

Esse encontro presencial aconteceu numa estação de serviço da autoestrada A5, em Oeiras, entre Nélio Lucas, representante legal da Doyen Sports, e Aníbal Pinto, à data advogado de Rui Pinto.

Em 19 de setembro, o Ministério Público (MP) acusou Rui Pinto de 147 crimes, 75 dos quais de acesso ilegítimo, 70 de violação de correspondência, sete deles agravados, um de sabotagem informática e um de tentativa de extorsão, por aceder aos sistemas informáticos do Sporting, do fundo de investimento Doyen, da sociedade de advogados PLMJ, da Federação Portuguesa de Futebol e da Procuradoria-Geral da República, e posterior divulgação de dezenas de documentos confidenciais destas entidades.

A sociedade de advogados PLMJ fez parte da defesa do Benfica no processo conhecido como 'e-toupeira'.