Um procurador suíço enviou em e-mail a Rui Pinto, em 2018, a pedir ajuda para investigar o presidente da Fifa, Gianni Infantino, no âmbito das revelações feitas na página Football Leaks.
De acordo com o jornal Público, na altura não era conhecida a identidade da pessoa por detrás de todas as revelações que foram feitas sobre o mundo do futebol. Portanto, o e-mail do procurador Damian K. Graf seguiu como: "Caro senhor ou senhora".
Nessa mensagem foram pedidas informações potencialmente incriminatórias, sobre os encontros secretos entre Gianni Infantino e Michael Lauber, figura máxima do Ministério Público da Suíça, para fazer desaparecer uma investigação sobre a licença de um contrato de direitos televisivos a uma empresa offshore.
Solicitamos que nos faculte quaisquer documentos relevantes sobre as alegações supramencionadas, particularmente quaisquer e-mails trocados entre Gianni Infantino e Rinaldo Arnold, assim como quaisquer e-mails que mencionem Rinaldo Arnold”, escreveu o procurador.
O Público revela ainda que Rui Pinto demorou cerca de uma semana a responder. Mostrou-se "totalmente disponível" para colaborar, mas que essa ponte teria de ser feita através do advogado.
Caro Damian, estou totalmente disponível para colaborar nesta investigação criminal, mas a cooperação tem de ser feita através do meu advogado francês, William Bourdon. Por favor, entre em contacto com ele. Melhores cumprimentos, John."
"John" era o nome que o hacker português usava para esconder a sua identidade.
Este e-mail foi agora acrescentado ao processo de Rui Pinto em Portugal, no qual responde por 90 crimes: 68 de acesso indevido, 14 de violação de correspondência, seis de acesso ilegítimo, visando entidades como o Sporting, a Doyen, a sociedade de advogados PLMJ, a FPF e a Procuradoria-Geral da República (PGR), e ainda por sabotagem informática à SAD do Sporting e por extorsão, na forma tentada. Este último crime diz respeito à Doyen e foi o que levou também à pronúncia do advogado Aníbal Pinto.
O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 7 de agosto, “devido à sua colaboração” com a Polícia Judiciária e ao seu “sentido crítico”, mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial.