Foram seis anos em Portugal repletos de altos e baixos. Tomo Sokota chegou ao Benfica em 2001 para ser alternativa a Mantorras, o fenómeno em crescendo da altura. Começou como «arma secreta», ganhou espaço, marcou golos. Mas também teve lesões, várias. A falta de regularidade marcou, sem dúvida, a sua prestação de águia ao peito.
Quanto, em 2005, trocou o Benfica campeão pelo F.C. Porto, o choque não foi grande. Já era um jogador quase esquecido nos corredores da Luz. Tentou reerguer-se a norte. As lesões não deixaram e deram a Sokota a maior mágoa da carreira.
«Fiquei triste pelo que não fiz no Porto, porque as pessoas acreditaram em mim e eu não pude fazer o que sei. Isso ficou marcado na minha carreira. Era querer e não poder. Até quis sair porque já nem podia nem ver aquelas pessoas que acreditaram em mim. Agradeço-lhes sempre», afirma Sokota, em entrevista ao Maisfutebol.
O ex-jogador continua a acompanhar os resultados da Liga portuguesa. «Procuro sempre ver como ficaram Benfica e F.C. Porto. Gostei muito do tempo que passei nos dois clubes. Foram seis anos em Portugal e foi uma fase muito boa. Só não foi maravilhoso por causa dos problemas com as leões», lamenta.
«Dínamo não tem hipóteses»
Sobre as diferenças entre os dois clubes que representou, Sokota não tem dúvidas: já foram bem maiores.
«No meu tempo eram muito diferentes, agora estão mais iguais. O F.C. Porto já era um clube de topo e continua a ser. O Benfica ainda estava a tentar chegar lá outra vez. Agora acho que também já é», descreve.
«Tenho um benfiquista e uma portista cá em casa»
O seu Benfica, lembra Sokota, tinha ainda problemas internos a debater. Agora, ao longe, parece-lhe diferente: «Está no bom caminho.»
«Penso que o Benfica percebeu o que tinha de fazer. Está a tentar imitar o modelo do F.C. Porto, a fazer como eles, que compram jogadores jovens e vendem caro para fazer dinheiro. Eu acho que é esse o caminho para as equipas portuguesas. Cá na Croácia deviam aprender...», brinca.
«Em 98, Doriva deu cabo de nós»
Sokota sublinha, também, a evolução da estrutura encarnada: «Na altura o presidente era novo, agora tem mais experiência, vai aprendendo. Querem formar uma boa equipa e estão a conseguir. Aquele clube merece, pelos adeptos e pela cidade que é fantástica.»
Sobre o F.C. Porto as palavras são diferentes, porque a experiência também o foi. «Não conheço tão bem o F.C. Porto de agora, mas o que conheci já era muito forte. Basta ver os jogadores que tínhamos na altura. Quaresma, Pepe, Benny McCarthy, Vítor Baía, Bruno Alves... Era uma equipa muito boa», frisa, revelando que mantém o contacto com Vítor Baía, o principal amigo que deixou na cidade, ao lado do fisioterapeuta António Gaspar.
A nível de treinadores, recorda Jesualdo Ferreira que o levou para o Benfica e que reencontrou no F.C. Porto, embora por pouco tempo. E outro, mais especial. «O Camacho terá sido o que me marcou mais, porque joguei muito bem naquela época. Estava bem fisicamente e ele apostou em mim», explicou.
Sokota deixou de jogar há um ano e meio. Está afastado do futebol e gostava de voltar, embora ainda não tenha pensado em que funções. Em casa continua a respirar-se futebol. Português, aliás.
«Tenho um filho benfiquista e uma filha portista. Ela nasceu no Porto e costumo dizer-lhe que é mesmo como os portistas. É lutadora e aguerrida. Ele está agora a começar a jogar à bola, é mais velho, nasceu em Lisboa. Vamos ver o que dá, talvez possa voltar a Portugal com ele. Que não tenha tantas lesões como eu», completa.