O Evian já é visto como a besta-negra do Paris Saint-Germain. O modesto clube de Thonon-les-Bains conseguiu aquilo que tanto outros tentaram em França sem sucesso: derrotar os parisienses, que estavam invictos há nove meses.

A tentativa de igualar o recorde do título conquistado em 1993/94 ficou a um jogo apenas, pois os comandados de Laurent Blanc caíram à 26ª partida na Ligue 1, assim como no conjunto de todas as competições a invencibilidade acabou ao cabo de 36 jogos.

A sequência não inclui, todavia, a eliminação nas grandes penalidades face a este mesmo Evian da Taça da Liga gaulesa da última época. Será que Ibrahimovic exclamou no final do encontro qualquer coisa como: oh não, vocês outra vez?



O feito do pequeno Evian teve o seu cunho português. Não só pelo lateral dinamarquês Daniel Wass , que teve uma recente e fugaz passagem pelo Benfica, mas sobretudo por Sougou, o extremo senegalês que passou por V. Setúbal, U. Leiria e Académica, num total de sete anos por terras lusitanas.

Ironicamente, o avançado emprestado pelo Marselha foi a figura do jogo. Fez a assistência para o primeiro golo e marcou o segundo e último. Um verdadeiro pesadelo para os líderes do campeonato francês, que está apenas um ponto à frente do Lille e dois à frente do Mónaco.

«Foi muito bom. O PSG era o alvo a abater aqui, por causa do recorde Relançamos a competição e, para nós, depois de vários maus resultados, foi ótimo voltarmos a ganhar. Já começávamos a afastar-nos e estávamos mesmo a precisar de pontos», conta ao Maisfutebol o jogador do 15º classificado da Liga gaulesa.

«A receita foi simples: jogamos de forma muito organizada, com grande concentração defensiva, porque o PSG tem um potencial ofensivo tremendo. Trabalhamos muito e aplicamo-nos a fundo nos duelos individuais. A equipa foi muito solidária, com um enorme espírito de entreajuda.»

«PSG pode marcar a qualquer equipa»

A questão que se coloca é: o Benfica pode aproveitar alguma coisa daqui para o próximo jogo da Liga dos Campeões? «Estamos a falar de dois clubes grandes. O Paris tem uma capacidade ofensiva temível, pode fazer golos em qualquer campo e a qualquer equipa. É uma das melhores equipas da atualidade para mim», começa por analisar o senegalês.

«Ora, o Benfica vai ter de saber lidar com isso e não vai, seguramente, jogar como nós fizemos, fechados e apostando no contra-ataque. Vai jogar mais aberto. Eu conheço bem a forma de pensar do Jesus e sei que ele não vai ficar lá atrás à espera», observa.



«Devo muito a Portugal»

Sougou vê em Portugal «um segundo país adotivo». Foi aqui que fez o primeiro contrato profissional, em 2004, quando chegou com apenas 19 anos para um período à experiência na U. Leiria. «Devo muito a Portugal. Foi onde terminei a minha formação e evolui como jogador e como homem. Tive o privilégio de trabalhar com grandes treinadores, como o Domingos ou o André Villas Boas», reconhece.

«Tenho muito amigo ai. Ainda há pouco tempo estive a ver o Académica-Ac. Viseu, para a Taça de Portugal. A minha esposa é de Leiria, assim como o meu filho, que ainda está ai, na escola», conta, com entusiasmo.

Foi também por cá que começou a ganhar títulos. «No V. Setúbal venci a Taça da Liga e também joguei a Liga Europa pela U. Leiria», relembra, relevando também a costela portuguesa: «Quando viajo, escolho muitas vezes a TAP. As pessoas ainda se lembram de mim e isso dá-me um especial prazer.»