A década de 90 ia a meio. O Benfica avançava em direcção à bruma e João Vale e Azevedo ia na frente. Inchado de palavras opulentas e olhares odiosos, o dirigente segurava uma candeia mal alumiada. Perdido no escuro, socorreu-se do Império Britânico. Pediu reforços, contratou Graeme Sounesse e logo atrás vieram Steve Harkness, Michael Thomas, Scott Minto, Dean Saunders, Mark Pembridge, Brian Deane e Gary Charles.
Podiam ter vindo mais. Podia ter vindo também Ian Rush. «É verdade. O Souness jogou comigo no Liverpool e tentou trazer-me para Lisboa. Eu tinha saído do Liverpool e estive quase a aceitar. Mas depois o Newcastle fez-me um convite e preferi continuar em Inglaterra.»
«O Benfica era uma das minhas vítimas favoritas»
A idade das trevas manietou o emblema da Luz durante alguns anos mais. Rush acredita que podia ter atenuado a espessura da banalidade no reino das águias. «Sempre fiz golos por onde passei. No Benfica seria a mesma coisa. Em boa verdade, se soubesse na altura o que sei hoje sobre Portugal, teria vindo a correr.»
Formado no modesto Chester City, Rush representou o Liverpool entre 1980 e 1987, antes de experimentar o calcio. Não foi feliz na Juventus (29 jogos, 7 golos) e voltou a Anfield Road para mais oito anos ao mais alto nível.
Em 1996 saiu para o Leeds e ainda representou o Newcastle, o Wrexham e o Sheffield United, até encerrar a carreira nos antípodas: dois jogos e um golo com a camisola do Sydney Olympic (Austrália). À semelhança de George Best e Ryan Giggs nunca esteve num Europeu ou num Mundial. Esse foi o preço a pagar por ter nascido no País de Gales.
Passou sem sucesso pela carreira de treinador - 2004/05 no Chester City - e passou a dedicar-se aos comentários televisivos.
Recorde alguns momentos de Ian Rush: