Os meus remendos são melhores que os teus. Em teste forçado às soluções existentes no plantel, Jorge Jesus apreciou o seu rodízio com deleite e deixou José Peseiro com amargo na boca. Primeiro triunfo para o treinador do Benfica no Estádio AXA (1-2).

Bruno César associou recentemente a rotação contínua de Jesus a um rodízio. Segundo o brasileiro, o técnico tem alterado o onze com regularidade para aguentar a segunda volta ao mesmo nível e ter alternativas com ritmo de jogo. O teste em Braga demonstrou que a semente, para já, dá frutos.

O Benfica perdeu Cardozo de véspera, uma vez mais por problemas físicos, mas reorganizou-se em torno de Lima. Pela primeira vez nesta Liga, Jorge Jesus abdicou do seu 4x4x2 inicial. Venceu.

Faltam ingredientes em Braga

O rodízio de Peseiro tem outro sabor. Faltam ingredientes. Ora é o feijão preto, ora é a farofa. O menu não convence os mais críticos. Pensou-se que o problema estaria em torno da ausência de Paulo Vinícius. Não só. Sasso disfarçou. Já Haas, crónico suplente convertido a derradeiro bastião da defesa, falhou em toda a linha.

Haas e Beto, Beto e Haas. Dois rostos, a mesma infelicidade. Etapa inicial para esquecer, com intervenções falhadas em cada golo do Benfica, um Benfica inspirado e irrequieto. O tento de Salvio, ao sexto minuto de jogo, lançou a sentença.

O líder do campeonato inicia a segunda volta com dois argentinos em pico de forma. Tal como em Moreira de Cónegos, Gaitán e Salvio alimentaram todo o futebol encarnado. Não há qualquer tipo de problema em torno do esquerdino. Nem sexual.

Preparar o futuro

Jesus preparara o futuro em casa do Moreirense. Por lá, perante a incapacidade de Enzo Pérez em agitar a batuta, pediu a Gaitán para deixar o flanco e aparecer pelo meio, em modo criativo. Por isso, quando se pensou que Rodrigo pudesse fazer de Cardozo, o técnico decidiu alimentar a sua própria ideia.

Ola John entrara bem na ronda anterior e saltou para o onze. Gaitán teve liberdade total e por aí se explica a sua presença à direita, quando Salvio lhe colocou a bola. Devolução a Toto e remate com o pé esquerdo, em esforço. Beto largou, Haas percebeu tarde. Salvio insistiu e fez o 0-1.

Braga era terra maldita para Jesus, como visitante, mas algo soava diferente esta noite. Às escassas soluções defensivas, José Peseiro somou outras dores de cabeça. Tinha Ruben Micael limitado no banco e Hélder Barbosa fora de jogo, depois de ter sido incluído na convocatória. Ausência por explicar.

Alan e Ruben Amorim responderam, é certo, com todo o futebol arsenalista a terminar no finalizador Éder. Mossoró, como sempre, correu quilómetros. Sem grande nexo.

A dúvida e o soco

Durante meia-hora, o Sp. Braga alimentou a dúvida. Esteve mesmo perto do empate ao minuto 11, quando Artur brilhou com um voo, após cabeceamento de Haas. Mais tarde, seria Alan a desperdiçar uma oportunidade soberana. Hesitou, puxou para o pé direito e permitiu o grande corte de Jardel.

A águia, pelo meio, mantinha um olhar furtivo sobre a baliza de Beto. Tremenda incursão de Gaitán pela direita, passe largo para Lima. O antigo avançado do Braga recupera. Tira as medidas. Aproveita a passividade de Haas e remata. Beto podia ter feito melhor. 0-2.

Em Moreira de Cónegos, marcaram Salvio e Lima. Em Braga também. O Minho faz-lhes bem.

A resposta e o vermelho

A etapa complementar trouxe um Sp. Braga revoltado com o seu destino, nervoso, ofensivo sem asfixiar. No banco, Peseiro mexeu melhor que Jesus. André Almeida entrou para segurar, Benfica recuou. João Pedrou entrou para marcar e assim o fez, aproveitando falha de Jardel (77m).

Seguiram-se quinze minutos de pressão intensa mas inconsequente, mesmo com dez. Haas expulso por derrubar Lima, com Sasso a parecer estar em condições para discutir o lance. Mais um central, mais um vermelho, mais uma polémica. Final escusado para um encontro bem disputado.